VIAGEM A TRANSPANTANEIRA.
SAIDA DIA 11/04/2017. A VOLTA 20/04/2017.
ESTRADA TRANSPANTANEIRA: MT-060. DESTINO FINAL QUILÔMETRO 67 DA TRANSPANTANEIRA. DIA DA CHEGADA: 20/04/2017
Esta é a imagem do hotel que tiramos da Internet, esperávamos como sempre o melhor e encontramos.
Esta fotografia é de nossa chegada ao hotel Pantanal. Ela foi tirada da ponte do Rio Pixaim. Havíamos percorrido 1.400Km até aí, e passado por 33 cidades.
RODOVIA TRANSPANTANEIRA:
A entrada da rodovia transpantaneira é município de Poconé. A MT-060, também conhecida como a rodovia Transpantaneira, liga a cidade de Poconé até a localidade de Porto Jofre, na beira do Rio SÃO LOURENÇO, na divisa dos estados do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul.
A rodovia foi construída para atravessar o Pantanal. No plano original, a rodovia deveria sair de Poconé, Mato Grosso, e chegar à cidade de Corumbá, Mato Grosso do Sul, fronteira com a Bolívia, foi idealizada pelo presidente Juscelino Kubistchek, para integrar todo Pantanal de Norte ao Sul.
Na construção da estrada, foram verificados muitos problemas, tais como muitas áreas alagadas e rios a atravessar, sendo feitas pontes de madeira, em sua maioria, para passar por essas áreas, que mesmo assim, em certas épocas do ano, na época das chuvas – certos trechos da rodovia ficam interditados, ou precariamente abertos somente a veículos apropriados.
Ao chegar ao Rio SÃO LOURENÇO foi verificado que não seria possível atravessar sem que fosse construída uma grande ponte, fazendo com que o projeto fosse terminado nesse ponto, que hoje é conhecido como Porto Jofre.
Características: A rodovia apresenta 147 km de extensão. A rodovia é toda de terra, em certas épocas do ano fica intransitável por ficar alagada.
A vista de uma das pontes para a área alagada abaixo.
No total a rodovia apresenta 127 pontes, sendo 118 de madeira. A rodovia não possui postos de abastecimento. A estrada passa por muitas fazendas e pousadas rurais. Por cruzar o Pantanal, muitas espécies de animais cruzam a pista com frequência. O que torna seu trajeto muito atrativo para os amantes da natureza.
A VIAGEM SERÁ FEITA COM UMA CAMINHONETE S-10 HIGT COUNTRY-
Estamos saindo para a viagem: Any Leide, Sérgio e Vander. Logicamente estamos preparados e animados.
- O Primeiro trecho da viagem será de Ribeirão Preto a São José do Rio Preto. Distância = 211 Km. Tempo = 2:30h
Cidades:1. Sertãozinho. 2. Barrinha. 3. Jaboticabal. 4. Taquaritinga. 5. Catanduva. 6. São José do Rio Preto.
Este primeiro trecho da viagem é uma maravilhosa pista dupla, cercada de verdes canaviais, que se perdem nos infindos horizontes. A velocidade é controlada 110 Km/h, com existência de radares. A grande maioria anda na velocidade correta, não existe tropel de conduções. Quase sempre os apressadinhos são pequenos carros, Gol, Fiat e outros, percebe-se que são conduções de firmas, onde as pessoas, eu não sei porque, parecem que vão tirar “o pai da forca”. Ou carros importados, novíssimos, cujo dono quer mostrar que são o rei da estrada e sabem exatamente onde os radares estão.
Eu nestas estradas, coloco o “piloto automático” no 110 km/h e desfruto da viagem: As plantações, a topografia, os rios e as cidades.
Depois de Taquaritinga, pegamos a rodovia Washington Luiz, até Mirandópolis com saída à direita para Fernandópolis.
O SEGUNDO TRECHO DA VIAGEM SERÁ DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO CASSILÂNDIA.
De Rio Preto a Cassilândia: Distância= 561 Km Tempo previsto = 6.13H
A estrada passa por novas e progressistas cidades. Quando era moço lembro-me dos boiadeiros, ou melhor dos fazendeiros, pecuaristas, que iam abrir pastagens de colonião na região de Santa Fé do Sul. Eram para nós os novos bandeirantes.
A história da Noroeste do Estado de São Paulo, é pontuada por paulistas que acreditavam. Acreditavam no Brasil em primeiro lugar. Acreditavam no café e na pecuária. A honestidade não era um requisito, era um fato inquestionável.
Conheci tios e primos, vários, que vendem suas terras na Região da Mogiana (Mogi-mirim, Aguai, Casa Branca, Tambaú, entre outras), encheram as “ guaiacas” e paletós de dinheiro, e montados em seus possantes Fordinhos 1929, o Pé-de-Bode, e partiram para a Noroeste. Comprando Terras, no fio do bigode, derrubando matas, plantando café ou colonião, na certeza do sucesso.
Acompanhando o Rio Tietê, a Estrada de Ferro Noroeste, foi atrás dos desbravadores, levando seus trilhos até Mato Grosso. Acompanhando este trajeto hoje existe a magnífica estrada de pista dupla, SP-300, a Rodovia Marechal Rondon. Neste percurso nasce: Bauru, Pirajuí, Cafelândia, Lins, Promissão, Avanhandava, Penápolis, Birigui, Araçatuba, Andradina, até o grande Rio Paraná, na represa Hidroelétrica de Jupiá.
Na margem esquerda do Rio Grande posteriormente, foi a Estrada de Ferro Araraquarense, que seguiu os desbravadores. Onde hoje inicia a estrada, SP-543, chamada de EUCLIDES DA CUNHA, seguindo a ferrovia. Mais norte das nascentes do Rio São José dos Dourados, acompanhando a ferrovia Araraquarense: São José do Rio Preto, Mirassol, Bálsamo, Tanabi, Cosmorama, Votuporanga, Fernandópolis, Jales, Urânia e Santa fé do Sul, chegando a monumental ponte do Rio Paraná, na divisa de Mato Grosso.
Algumas considerações sobres as cidades mencionadas:
- MIRASSOL: Esta é uma cidade muito importante, pela sua atividade industrial e de prestação de serviços. É vizinha de Rio Preto e hoje as duas cidades cresceram muito e se transformaram em uma única cidade.
- BÁLSAMO:
História: A cidade foi fundada em 17 de novembro de 1920, porém, seu nome não se deve ao aroma agradável de algumas plantas, como sugere o dicionário. Na verdade, seu nome se deve ao Córrego do Bálsamo, riacho assim intitulado devido à grande quantidade de pés de bálsamo existentes em sua margem. Esta árvore é mais conhecida como Cabreúva, árvore de madeira de lei, muito abundante à época e praticamente extinta da região nos dias de hoje.
3. Tanabi
História: A cidade foi fundada em 4 de julho de 1882. A área onde situa a cidade era habitada no passado pela tribo dos índios Caiapós.
Erguida a cruz, cuidaram, logo, os moradores do Tanabi de construir uma igreja em homenagem à padroeira escolhida – Nossa Senhora da Conceição. E foi essa rústica ermida de palha que deu o nome ao lugar então conhecido por “Capela do Tanabi” e que, nove anos mais tarde, em 1891, foi substituída pela igreja feita de tijolos e telha vã, demolida em 1932/33. Altitude de 518 metros.
Tanabi é um município que tem grande força na indústria, destacando-se principalmente na produção de alumínio, móveis e calçados, conta também com uma usina que produz açúcar e álcool. Além da indústria, a pecuária, a agricultura e o comércio movimentam a economia do município.
- ECATU. ESTRADA DE FERRO.
HISTORICO DA LINHA: A Estrada de Ferro de Araraquara (EFA) foi fundada em 1896, tendo sido o primeiro trecho aberto ao tráfego em 1898. Em 1912, já com problemas financeiros, a linha-tronco chegou a São José do Rio Preto. Somente em 1933, depois de ter sido estatizada em 1919, a linha foi prolongada até Mirassol, e em 1941 começou a avançar mais rapidamente, chegando a Presidente Vargas em 1952, seu ponto final à beira do rio Paraná. Em 1955, completou-se a ampliação da bitola do tronco para 1,60m, totalmente pronta no início dos anos 1960. Em 1971 a empresa foi englobada pela Fepasa. Trens de passageiros, nos últimos anos somente até São José do Rio Preto, circularam até março de 2001, quando foram suprimidos.
- COSMORAMA (1931). ESTRDA DE FERRO.
A cidade foi fundada em 10 de outubro de 1931 (85 anos). Altitude de 540 metros. O município tem uma população de 7.214 habitantes.
Atualmente os trens carregados continuam passando, em grandes composições. Mas não passageiros. Assim, não precisa mais de estação. É o Brasil.
6. SEMONSEN.
O distrito Simonsen de Votuporanga está localizado na Microrregião de Votuporanga no estado de São Paulo.
7. VOTUPORANGA
A cidade foi fundada em 8 de agosto de 1937. Estando a uma altitude de 525 metros. “Votuporanga” é um termo de origem tupi que significa “vento bonito”.
No mesmo ano, veio o desenvolvimento com a Estrada de Ferro Araraquarense.
A Rodovia Euclides da Cunha, SP-320, que liga Votuporanga à capital do Estado, foi pavimentada. Na década de 1980, a cidade tomou impulso industrial, através do setor moveleiro, de implementos rodoviários e metalurgia.
- FERNANDÓPOLIS.
Fernandópolis foi fundada em 22 de maio de 1939. Localizado a uma altitude de 535 metros. Tem uma população de 67 836 habitantes e área de 550 km².
A cidade foi importante no desenvolvimento da pecuária, no século passado. A criação de gado em Minas Gerais e no sul de Mato Grosso forçou o estabelecimento de uma ligação entre Sant’Ana do Paranaíba e a região em desbravamento no interior: a Estrada Boiadeira. Atravessando o rio Paraná, a Estrada Boiadeira ligava o atual Mato Grosso do Sul à região e, orientando-se pelo curso do rio São José dos Dourados, servia para conduzir as tropas e o gado a São José do Rio Preto e daí atingir Barretos, forte entreposto de comercialização, reduzindo o trajeto até então utilizado, via Uberaba.
Os caminhos das Estradas Boiadeiras permaneceram por longo tempo as únicas vias de penetração do povoamento do chamado Sertão de Rio Preto, e desse modo, foi a Estrada Boiadeira que conduziu os primeiros colonizadores a Fernandópolis.
Este foi um período áureo da pecuária, do capim colonião, das comitivas que conduziam as boiadas, das músicas sertanejas, e da valorização dos boiadeiros. Estradas poeirentas, ou lamacentas, patroladas pelos milhares cascos de bois, vindos de invernadas distantes.
9. JALES
Jales além da simpatia do nome, a cidade é o centro de uma grande região, nos impressionou, muito a passagem por esta bela cidade. A fotografia é do Google.
História: Homens desbravadores, dedicados ao trabalho, derrubando matas e arrancando do solo as riquezas indispensáveis à manutenção, iam, aqui e ali fazendo uma clareira na mata. Destas clareiras surgiam povoados, sempre com ideia e sonhando, com a fundação de uma cidade. Não medindo sacrifícios, alimentando-se de caças sofrendo toda espécie de hostilidades, de insetos e animais selvagens, dormindo ao relento, embrenha-se no sertão em busca da concretização de seu sonho. Assim surgiu JALES.
- SANTA FÉ DO SUL.
Santa Fé do Sul é um município brasileiro do estado de São Paulo. Fundada em 24 de junho de 1948. A cidade é considerada uma estância turística.
História: Inicialmente um major inglês achou que havia petróleo na região, e comprou uma grande propriedade. Para garantir a propriedade, colocou famílias para morarem nas terras.
No mesmo ano, a Companhia Agrícola de Imigração e Colonização (Caic), que conhecia os planos de expansão da antiga Estrada de Ferro Araraquarense (EFA), que eram chegar às barrancas do rio Paraná e depois seguir rumo a Cuiabá, comprou os 32 mil alqueires, sendo 100 para edificar a cidade.
A cidade situa-se a 18 km do encontro dos rios Grande, divisa natural SP/MG, e Paranaíba, divisa natural MS/MG, onde ocorre a formação do rio Paraná, reservatório da Hidrelétrica de Ilha Solteira. Da confluência até a Usina são aproximadamente 80 km, os quais formam o denominado Grande Lago pelo projeto turístico. A principal malha hidrográfica do município é formada pelo Ribeirão Ponte Pensa (principal) e pelos córregos Cabeceira Comprida, Jacu Queimado e da Mula. Como em grande parte do Noroeste Paulista, o município de Santa Fé do Sul está inserido em sua totalidade no bioma da Mata Atlântica do Interior.
ESTE É O TRECHO DE SANTA FÉ DO SUL PARA CASSILÂNDIA MS.
Google, Santa Fé do Sul para Cassilândia, pela Grande Ponte.
- PONTE RODOFERROVIÁRIA DO RIO PARANÁ.
Chegando na grande, e importantíssima ponte sobre o Paranazão.
Nestas fotos estão as imagens do Mylink da S-10, na segunda mostra a posição da travessia do Rio Paraná, a cidade de Santa Fé do Sul, Rubinéia SP e Aparecida do Tabuado MS. O Rio Paraná já se apresenta represado pela Hidroelétrica de Ilha Solteira, a 80 Km a jusante. A tela do Mylink, mostra: Temperatura exterior: 32C. Estamos com destino a estrada de Mato Grosso, MS 316, e a seta preta, mostra que estamos na estrada SP320. São 3:14 horas da tarde. A 11Km devemos, no trevo pegar a direita. Estamos a 162 Km de distância do destino, Cassilândia e devemos demorar 4:24 Horas para chegar.
O companheiro Vander antes da Ponte. Posição mostrada no Mylink da condução. A Ponte Rodoferroviária liga os estados brasileiros de Mato Grosso do Sul e São Paulo sobre o Rio Paraná, unindo a cidade sul-matogrossense de Aparecida do Taboado à cidade paulista de Rubinéia.
Esta é a monumental entrada da ponte. Impressionante, imaginar que, neste momento duas composições imensas ferroviárias, com mais de 100 vagões cada uma, estão passando em baixo da ponte.
Realmente essa ponte é monumental, além de sua imensa importância para a ligação de todo Mato Grosso e Goiás com São Paulo. Vemos algo importantíssimo nestas fotografias: A ligação Rodoviária, a ligação Ferroviária e importantíssima ligação hidroviária. Onde as imensas barcaças que por aí passam, vão até a Represa de Ilha Solteira, depois entram a montante desta, na represa do Rio São José dos Dourados, passam pelos 12 Km do Canal de Navegação de Pereira Barreto, e sobem as represas do Grande Rio Tietê.
Foto Vander, Any no espelho da S-10, atravessando a ponte do Paraná.
No meio da ponte, temos uma visão extraordinária, da formação do Grande Rio Paraná, um dos maiores do mundo. Do lado esquerdo da imagem, vemos o desaguar do Rio Paranaíba, vindo da divisa de Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. No lado direito da fotografia, vemos o importante Rio Grande, que divide São Paulo de Minas Gerais, receber o Rio Paranaíba. Momento que os dois rios Paranaíba e Rio Grande, perdem o nome, e passam a se chamar RIO PARANÁ.
A construção desta ponte fora defendida por Euclides da Cunha, em 1901 e, meio século depois, na Conferência dos Governadores da Bacia Paraná-Uruguai. Pois ela seria importante na ligação entre os estados de Mato Grosso, Minas e Goiás.
Contudo por interferência por Olacyr de Morais o rei da soja, ela foi iniciada. Mas inaugurada em 29 de maio de 1998, após um investimento de mais de R$ 800 milhões pelos governos federal e de São Paulo.
Ela possui quatro faixas de rolamento para veículos rodoviários na parte superior, duas em cada sentido, ligando as rodovias Euclides da Cunha (SP-320) e BR-158, sendo importante ligação entre as regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. Na parte inferior possui uma via ferroviária.
Sua construção possibilitou a conclusão da ferrovia Ferronorte, que liga a malha ferroviária do estado de São Paulo à cidade de Alto Taquari, no estado de Mato Grosso, permitindo o escoamento da produção de grãos de parte do Centro-Oeste brasileiro.
Sua extensão total é de 3.700 metros, sendo, portanto, a maior ponte fluvial brasileira. Cada vão possui 100 metros de extensão.
ENTRANDO EM MATO GROSSO DO SUL.
As estradas não são boas. Algumas que encontraremos são de péssima conservação. Escolhemos este caminho, esta rota, para conhecermos a região. Contudo, pela placa da entrada podemos ver a enorme distância existente entre as cidades.
- APARECIDA DO TABOADO.
Aparecida do Taboado é um município brasileiro do estado de Mato Grosso do Sul. Está localizada na região da formação do Rio Paraná pelos rios Grande e Paranaíba, na segunda maior bacia hidrográfica do mundo, a bacia do Rio Paraná.
A cidade é conhecida como “A terra dos 60 dias apaixonado” em virtude da música “60 dias apaixonado”, de autoria de Constantino Mendes e Darci Rossi, gravada por Chitãozinho e Xororó. Aparecida do Taboado também é conhecida por conta da famosa “Festa do Peão de Boiadeiro”.
Rio Paraná
Aparecida do Taboado está na região da formação (início) do Rio Paraná, um dos maiores e mais importantes rios brasileiros. O rio se forma da junção das águas dos rios Grande (cujas cabeceiras ficam na serra da Mantiqueira, em Minas Gerais) e Paranaíba (que nasce em Goiás).
História.
Os primeiros habitantes da região vieram dos estados de São Paulo e Minas Gerais entre 1830 e 1838. O primeiro povoado surgido na região foi o Porto Taboado, às margens do Rio Paraná, empreendimento dos mineiros João Barbosa e Máximo José da Rocha a partir de 1900. Posteriormente, Antônio Leandro cedeu parte de sua fazenda, denominada Córrego do Campo, um pouco distante das margens do Rio Paraná e iniciou a implantação de um novo povoado, que tomou a denominação de Lagoa Suja, atualmente, Aparecida do Taboado.
Foi elevada a município, ocorrido em 28 de setembro de 1948, data em que se comemora o aniversário da cidade.
Em 1977 o sul de Mato Grosso se emancipa formando o atual estado de Mato Grosso do Sul com capital em Campo Grande, a qual Aparecida do Taboado faz parte atualmente. Em 1998 é inaugurada a Ponte Rodoferroviária sobre o Rio Paraná, possibilitando a ligação rodoviária com o estado de São Paulo.
O nome Aparecida do Taboado ocorre pelos seguintes motivos:
O nome Aparecida é uma homenagem do fundador, Antônio Leandro de Menezes, que fez uma promessa a Nossa Senhora Aparecida para a cura de um filho doente e doou terreno para a elevação de uma cidade, e foi construída uma capela na atual praça da Igreja Matriz do município em devoção à padroeira.
Já o nome Taboado vem de um antigo porto às margens do rio Paraná que tinha muitas taboas, uma vegetação comum em áreas alagadas do cerrado.
12. Paranaíba
Município de Paranaíba. “Princesa do Bolsão”. Altitude 474 m.
A cidade é antiga tem história, fundada em 19 de abril de 1838 (178 anos). A entrada da cidade já nos deixa muito bem impressionado. Então é inevitável a lembrança da Guerra do Paraguai, Retirada da Laguna, e o imortal, Visconde de Taunay. A chamada Retirada da Laguna foi um episódio da Guerra do Paraguai (1864 – 1870) imortalizado na literatura pela pena de um de seus protagonistas, o futuro visconde de Taunay.
A coluna de soldados abatidos em Laguna, MT, durante a Guerra do Paraguai se retira da batalha e marcha de volta para o Rio de Janeiro. Passa por numerosas cidades, incluindo Paranaíba, atravessam o Rio Paranaíba em Além Castro, e seguem até Uberaba, vão para o sul, passando por Casa Branca, Campinas e São Paulo. É uma epopeia muito bem descrita por Visconde de Taunay, em seu livro.
Hoje existe uma linda ponte estaiada ligando Mato Grosso do Sul a Minas Gerais no porto Alencastro, no rio Paranaíba. Divisa entre MS e MG.
Está é a única placa que assinala o Porto Além Castro.
O território, foi primitivamente povoado pelos índios Caiapós, tornando-se conhecido das primeiras bandeiras Paulistas no início do ano de 1700.
Esta ponte estaiada liga Mato Grosso do Sul, a Minas de Gerais, em AlenCastro (Google).
Esta rotatória impressionou-me muito, foi uma imagem enganosa, pois depois, as estradas nada tinham a ver com ela. Eram cheias de jamantas imensas, buracos e um trânsito intenso e muito perigoso.
Rio Aporé, é um rio que nasce no interior de Mato Grosso, e passa encachoeirado pela região de Cassilândia.
Algumas vezes aterrissei com meu Corisco, PT-NDK, nesta cidade, e sempre admirei muito o Rio Aporé, que vem encachoeirado pelas belas terras da chapada. A mata galeria, foi mantida sempre, o que propiciava uma moldura colorida ao longo do curso do belo rio. Minha última decolagem deste aeródromo, foi uma aventura que contarei posteriormente, na cidade de Alto Taquari.
- CASSILÂNDIA, MS.
A cidade começou a se formar em torno do ano 1930. Aos poucos os fazendeiros da região foram se estabelecendo na área onde acabou por dar origem a CASSILÂNDIA.
Nesta fotografia do Google, pode-se ver a cidade ao lado do tortuoso e encachoeirado Rio Aporé.
Cassilândia é um município brasileiro da região Centro-Oeste, situado no estado de Mato Grosso do Sul. Localizado na Mesorregião do Leste de Mato Grosso do Sul e na Microrregiões homônima. E também é conhecida como a Cidade Sorriso. Altitude de 470.
Pouco posso dizer da cidade, pois a avenida e a estrada, cortam o meio da cidade. Tanto movimento, tantas pessoas andando cortando as estreitas vias, que me perdi em atenções ao perigo, que da maneira que entrei, sai da cidade sem me recordar de nada. A não ser o perigo da passagem.
1B. CHAPADÃO DO SUL.
Quando peguei a estrada foi um alívio.
Chapadão do Sul é um município brasileiro do estado de Mato Grosso do Sul, Região Centro-Oeste do país. O município desponta como importante e próspera cidade de Mato Grosso do Sul, com seus mais de 20 mil habitantes. O grande motivador da existência de Chapadão do Sul foi a agricultura. Foi fundada em 1987, tem, portanto, 30 anos de existência, é a cidade mais nova que passamos nesta longa viagem.
SÍMBOLO DA CIDADE O TATU CANASTRA.
Como destaque, na entrada da cidade, há uma grande escultura de um tatu, símbolo dos desbravadores que aqui chegaram há muitos anos e sem preguiça, transformaram a região, que antes nada produzia, em um polo de tecnologia agrícola mundial.
No município há predomínio de Latossolo Vermelho-Escuro de textura argilosa e média com baixa fertilidade natural, com horizonte B leptossómico.
Relevo e altitude: Está a uma altitude de 905 m em sua sede. Um terço do município compreende um planalto totalmente mecanizável com altitude média de 905m e o restante é formado de áreas mais baixas, 500 à 600m de altitude, levemente onduladas.
É terra agriculturável, maravilhosa de um valor inestimável.
O SEGUNDO DIA DE VIAGEM SERÁ DE: CHAPADÃO DO SUL PARA CHAPADA DOS GUIMARAES.
Saindo de Chapadão do Sul.
Na saída da cidade, uma bela avenida, existem algumas cópias de macro objetos, de grandes dimensões, simbolizando a cultura sulina, que realmente está presente na fundação, e no grande êxito da existência desta cidade. Há estão: o macro bule de água quente e a cuba de beber o chimarrão. Maravilha.
Depois passamos por este macro modelo de uma colheitadeira. Mostrando a importância da mecanização, na alta produtividade de grãos do município. Achei muito próprio o símbolo.
Também na saída da cidade havia um avião, KP-4, o Paulistinha em exposição. Simbolizando a avião agrícola utilizada amplamente em toda a região.
A saída da cidade é bem movimentada. Uma cidade nova espraiada pelo chapadão. Acredito ser um Brasil maravilhoso que poucos conhecem.
A estrada é sem acostamento e muito malconservada. Grandes máquinas agrícolas, e grandes carretas transitam, desviando dos buracos que são muitos. Precisamos tomar muitos cuidados durante esse trajeto. Não dá para entender um governo, com uma riqueza desta na mão, trata seu escoamento com tamanho desprezo e com caras e péssimas consequências.
As terras, planas e férteis do chapadão, é a riqueza do Brasil.
Solo sagrado que permite plantações de mais de 300 Km de extensão. É um espetáculo interminável da agricultura brasileira.
Saindo de Chapadão do Sul, pega-se a MS-306, no meio do caminho entra-se por um curto espaço no estado de Goiás. Depois volta-se para Ms. No trevo a frente temos:
Queríamos muito chegar a este entroncamento, era ideia conhecer o Parque de Emas, contudo por motivos econômicos o governo fechou o parque, para visitação, frustrando nossas expectativas.
2B. ALVES DE LIMA.
Depois do entroncamento, passamos por uma pequena cidade de Alves de Lima. Continuamos na MS-306.
Depois da cidadezinha, cruza-se os trilhos da Ferrovia Norte, que segue para Alto Taquari.
ALTO TAQUARI.
Alto Taquari é um município brasileiro do estado de Mato Grosso. Estando a uma altitude de 851 metros. Sua população estimada em 2016 era de 963 habitantes.
O primeiro nome do município foi Cabeceira, após alguns anos passou a ser chamada de Taquari em referência à nascente de um rio próximo à sede municipal, o Rio Taquari. O termo Taquari tem origem Tupi, e designa uma espécie de bambu ou taquara. Conta-se que povos indígenas, antigos habitantes da área, usavam a haste de taquara, abundante na região do citado rio, para fabricar cachimbos e flechas.
A posição geográfica de Alto Taquari, lhe permitiu desenvolver ao longo dos anos, vínculos históricos com dois Estados da Federação vizinhos do município: Goiás e Mato Grosso do Sul. O município localiza-se no sudeste mato-grossense, entre duas grandes bacias fluviais – a do Prata e a do Tocantins. A cabeceira do Ribeirão Furnas, tributário do Rio Taquari que contribui para a Bacia do Prata, é o extremo meridional do estado de Mato Grosso. O Rio Taquari é um dos formadores da extensa planície pantaneira, que vai agregar inúmeros afluentes durante seu percurso até desaguar suas águas no Rio Paraguai.
Alto Taquari passa a fazer parte da nova rota de exportação de carne, segundo acordo firmado entre a ferrovia e o governo do estado.
A região é de escarpas assim a ferrovia tem obras de engenharia de grande porte.
É até emocionante ver estas imensas composições ferroviárias, caregadas de grãos, que serão exportadas para todo o mundo. É o Brasil que deu certo. Paramos ao lado da estrada, quando a composição passou, até o chão tremeu junto a nossa emoção. São 3 grades máquinas a diesel, puxando mais de uma centena de vagões. São milhares de rodas de ferro sobre trilhos de aço, a estremecer o chão.
A passagem deste comboio desperta a imaginação, do país que vivemos. A origem de tudo, e o destino as vezes incerto, é incrível manter a esperança. Será que a corrupção, tão abundantemente semeada em nossa pátria, será maior, que o povo trabalhador, que lança a semente e colhe mais de 240t milhões de alimentos, creio que não. Haverá esperança em nosso coração, que um dia esta maligna semente seja arranca do cerne dos dirigentes, desta imensa e pacífica nação. Oremos!
Subindo o planalto para o Alto Taquari, as escarpas expostas com histórias geológicas de milhões de anos passados. As curvas se sucedem atenuando a rampa.
Estas furnas tem histórias. Há 20 anos atrás eu fui com meu avião Corisco, EMBRA 711C, conhecer uma fazenda, do Sr. Paulo Andrade, chamada Furnas do Mutum, entre outras coisas conhecer a famosa nascente do Rio Taquari. Fiquei mais de hora, sobrevoando a região, pois não achava a propriedade. Foi uma grande aventura, pois nos confundiram com grileiros, e quase tomamos tiros, ao aterrissar em uma propriedade errada. Bem, isso é uma outra história.
Mas fiquei maravilhado com os imensos chapadões da região, e tive certeza que aquela região teria um futuro brilhante. Com esta viagem confirmei, minhas previsões.
Eu e Any estávamos muito felizes em estamos de costas para a nascente do rio Taquari. Da fazenda que estive, fui com o dono Sr. Paulo, a cavalo, até a nascente do importante rio.
Realmente os asfaltos destas estradas pricisariam ser muito mais especiais, caso contrário, jamais suportariam o ineterrupto trânsito destas pesadas carretas.
Ficamos maravilhados ao vermos águas cristalinas brotando na base destas escarpas. Estas pequenas minas, são olhos de água, brotando das encostas, se juntam em pequenos mananciais, depois vão se reunindo, em riachos, até formarem os grandes rios. No caso, destas nascentes, trata-se do Rio Taquari, que irá em receber o Rio Coxim, na cidade homônima.
A longa subida nos leva a cidade, cuja altitude e a topografia nos surpriende pela belesa.
A chegada ao trevo da cidade já somos surpriendidos por avião acrícola, pulverizando as imensas plantações.
Ao passarmos pela cidade de Alto Taquari a viagem nos surpreendeu, devido as péssimas condições da estrada e o movimento initerrúpto das grandes carretas. Deixo registrado a educação dos caminhoneiros, provavelmente são conhecedores de toda a estrada, incluindo seus profundos buracos, pois as vezes, os caminões tinham que mudar de mão, para desviar das crateras existentes, ou seja virem na contra mão.
Eles sabiam bem antes que isso iria ocorrer, e preventivamente antes, vinham lapejandos os farois, nos obrigando a parar, para que eles não passassem “sobre nós”. Algumas vezes, tive que sair pelo mato da margem, pois as estradas não têm acostamento.
A tensão foi tão grande, que eu, esposa, e companheiro, não conversamos nada, vínhamos sempre com a atenção somente na estrada. Estávamos tão pertubados, que passamos por Santa Rita do Araguaia e Alto Araguaia, sem perceber. Foi como um transe, uma amésia, somente me lembro de ruas aperdadas, e disputa de espaço com as grandes carretas e os carros.
SANTA RITA DO ARAGUAIA E ALTO ARAGUAIA.
Esta fotografia do Google, mostra o trajeto do Rio Araguaia, passando pelas cidades de Alto Araguaia e Santa Rita do Araguaia, que é a divisa de Goiás e Mato Grosso.
Ponte do Rio ARAGUAIA, na divisa entre Goiás e Mato Grosso. Nosso destino Rondonópolis.
Como disse não vimos muito, assim estas fotos foram tiradas do Google, para revermos nossa passagem por este importantíssimo lugar. Incrível, considero-me um bom observador nas viagens, contudo passei pela ponte do Rio Araguaia, sem perceber, a atenção estava totalmente voltada para intenso trânsito.
Santa Rita do Araguaia é um município brasileiro no limite do estado de Goiás. Sua fundação data de 1854.
A mineração, ainda pouco explorada à época, apresentou uma produção de gema diamantífera considerável, tendo sido registrado o aparecimento de uma medindo 42 quilates no Garimpo do Luciano localizado à margem direita do Rio Araguaia a 07 km da Cidade de Araguaína – MT.
Alto Araguaia é um município brasileiro do estado do Mato Grosso, ao lado do Rio homônimo. Em uma altitude de 662 metros. Imaginar que este rio O rio Araguaia é um curso de água que banha os estados de Goiás, Mato Grosso, Tocantins e Pará. Nasce nos altiplanos que dividem os estados de Goiás e Mato Grosso: a nascente do rio se encontra na Serra do Caiapó, próximo ao Parque Nacional das Emas, no município de Mineiros, em Goiás.
Um dos rios principais das bacias hidrográficas do centro-oeste, a bacia Hidrográfica Araguaia-Tocantins. O rio conta com uma extensão total de 2.114 quilômetros. Em seu percurso, seus meandros delimitam juntamente como os do rio Javaés, a maior ilha fluvial do mundo, a Ilha do Bananal, onde estão localizados o Parque Nacional do Araguaia e o Parque Indígena do Araguaia.
História: Originou-se como Santa Rita do Araguaia em devoção à santa e ao rio que divide Mato Grosso e Goiás. Em 1921, foi criado o município entre grandes conflitos de garimpeiros que durou toda a década de 20.
Depois de Alto Araguaia pegamos a: BR 364 – chamada de Presidente Juscelino Kubitschek. Destino Chapada dos Guimarães.
A GALINHA DOS OVOS DE OURO:
É uma antiga fábula de Esopo, que todos nós escutamos como exemplo da ganância, da ignorância e estupidez do homem. Parece-me que todos os políticos de Mato Grosso, entre todos outros, não ouviram esta fábula, quando deviam. Foram analfabetos ou muito mal-educados:
Certa manhã, um fazendeiro descobriu que sua galinha tinha posto um ovo de ouro. Apanhou o ovo, correu para casa, mostrou-o à mulher, dizendo: _ Veja! Estamos ricos!
Levou o ovo ao mercado e vendeu-o por um bom preço.
Na manhã seguinte, a galinha tinha posto outro ovo de ouro, que o fazendeiro vendeu a melhor preço.
E assim aconteceu durante muitos dias. Mas, quanto mais rico ficava o fazendeiro, mais dinheiro queria.
Até que pensou:
“Se esta galinha põe ovos de ouro, dentro dela deve haver um tesouro!”
Matou a galinha e ficou admirado pois, por dentro, a galinha era igual a qualquer outra.
Acredito que esta é a filosofia de alguns políticos brasileiros: –
Verba para fazer estradas?
– Vamos pegar uma porcentagem. Que as estradas fiquem piores e durem pouco! Nós andamos de avião.
Verba para saúde e educação?
– Temos dinheiro, para irmos para o Hospital Sabin, nossos filhos para o exterior.
Com isso as estradas que escoam nossas imensas riquezas estão péssimas, nossas ferrovias inativadas …
É realmente uma vergonha ver nossas recordistas safras de grãos, com tantas dificuldades para os pontos de consumo ou exportação.
Agora, com a “galinha morta”, vamos expor o povo brasileiros às vísceras para ver se achamos mais ouro.
É nossa triste realidade!
DEPOIS DE ALTO ARAGUAIA para Rondonópolis, são 210 Km e somente passamos por duas cidades, mas o tempo de viagem é de mais de 4 horas, devido as condições da pista e o movimento intenso, muito além da capacidade da pista única. Continuamos seguindo pela Br-364, rodovia JK, se ele fosse vivo, ficaria muito triste, em ver seu nome em uma rodovia tão perigosa e importante assim.
ALTO GARÇAS.
A estrada para Alto Garças continua mostrando um Brasil riquíssimo, são intermináveis e maravilhosas as plantações, por todos os lados da estrada, e até onde a vista pode alcançar.
Esta é a fotografia do Google da cidade. Uma pequena cidade trazendo tanta riqueza para o grande Brasil. Muito orgulho para todos nós.
Esta imensa plantação de soja se perdia no horizonte, em um verde escuro que delimitava todos os espaços.
Alto Garças é um município brasileiro do estado de Mato Grosso. Está a uma altitude de 754 metros. Topografia e altitude ideal para as plantações, com ótimo índice pluviométrico.
O município é de origem bastante recente, o desbravamento, propriamente dito de suas terras e a sua consequente formação populacional está intimamente ligada à atividade garimpeira, a qual começou a se desenvolver na região a partir de 1919, com a chegada dos primeiros aventureiros do garimpo, sedentos de valiosíssima pedra ali existente: o diamante.
Seu desenvolvimento, baseou-se também no florescimento da agropecuária, que proporcionou um grande impulso à região e hoje graças ao cultivo da soja, do algodão, da braquiária entre outros cultivos, o município encontra-se em pleno desenvolvimento.
Somente 3 de fevereiro de 1933, o município foi elevado à categoria de distrito. Em 1953, que Alto Garças passou a figurar como município.
São paisagens douradas pelas canolas ao longo do planalto central desta imensa e riquíssima região.
ALTO GARÇAS.
Paramos em um ótimo posto para comer e abastecer a S-10. Quando estava abastecendo pararam 3 imensos caminhões boiadeiros. Cada um carrega 100 bois. Haviam saído 20 horas antes do estado do Pará, com destino a Campo Grande. Estimavam que teriam ainda 20 horas de viagem até a capital do MS, onde os bois seriam imediatamente abatidos. Estas foram as maiores carretas boiadeiras que já vi por todo este Brasil.
Ficamos maravilhados, pois na estrada ainda encontremos várias carretas como estas, são boiadas imensas sobre rodas, rodos sobre rodas, como se houvesse uma grande manada, com bois estáticos e assustados, cruzando asfaltos. É quase inimaginável.
Depois de uns 30 Km de Alto Garças, comecei a observar uma frente de alta pressão, formando uma célula de instabilidade, caminhando a grande velocidade pelo chapadão. Era um fenômeno meteorológico, raramente visto, e de rara beleza. Parei, o ruído era grave e profundo. Paramos para observar. A beleza e intensidade do fenômeno, é traduzido por esta feliz fotografia da Any. Era uma ciclópica cunha de nuvens cúmulos, misturadas com a poeira vermelha, cortando ruidosamente o chapadão.
Estamos chegando ao final do chapadão, vamos descer a Serra da Petrovina. Continuamos a longa viagem, maravilhados com a riqueza deste imenso Brasil.
Nossa próxima passagem seria a cidade de Pedra Preta, já na altitude pantaneira. Assim temos que descer a Serra, com tranquilidade, pois é muito movimento.
REGIÃO DE PEDRA PRETA.
A cidade está altitude de 248m, assim, o planalto que na média, estava a 800m, a Serra desce na média 552 m.
Esta plantação já está no município de Pedra Preta.
A descida da Serra é bem suave, disfarçada e longa.
As abruptas escarpas da serra, mostram uma estrutura metamórfica de arenito em camadas. Chamada de Arenito Aquidauana na Serra da Petrovina.
Passamos por esta imensa plantação de algodão no município.
Esta é a grande pedra que deu origem ao nome do município.
Esta é uma foto do Google, mostrando a cidade, e já localizando a posição do Rio Vermelho que vai passar dentro de Rondonópolis.
A pequena cidade começou a ser construída em 20 de setembro de 1954. A elevação de Pedra Preta à categoria de município ocorreu em 13 de maio de 1976.
Estudo sobre a Formação Aquidauana: A formação Aquidauana, constituída por um conjunto de sedimentos com até 500 m de espessura, predominantemente formado de arenito, esta é a Serra da Petrovina.
Este é o aspecto do Rio Vermelho, o nome é próprio devido a cor da água que podemos ver. Esta água é como uma esteira rolante levando a terra, do solo da chapada, para a planície pantaneira. Este fenômeno está trazendo consequências graves para o Pantanal. Está havendo em muitos lugares, um grave assoreamento dos rios pantaneiros, tais como: Taquari, Coxim, São Lourenço, Miranda, entre outros.
Tantos caminhos rodados, mais de 990Km, buracos na pista, movimento intenso de grandes carretas, quando pegamos esta reta para Rondonópolis, no coração uma alegria, um contentamento pelo simples fato de estarmos ali. Incrível esta sensação. Asfalto de ótima qualidade, parecia que a S-10 ia voando pela pista, com vontade de chegar.
RONDONÓPOLIS. Altitude 227 m
A cidade é para mim como um marco de aventura. Em 1978, aterrissei no aeródromo desta pequena cidade, ficava paralelo à rodovia, ao norte da cidade, a pista de terra, sumia na poeira quando alguma aeronave decolava. Ao lado havia um posto de gasolina, onde podia-se alimentar enquanto a aeronave era abastecia. Depois decolávamos, sempre rumo ao sul, saindo sobre o Rio Vermelho. Seguíamos o rio, até seu encontro com o Rio São Lourenço, que ficava com o nome. Seguíamos o São Lourenço, até a Vila Izabel, onde aterrissávamos, encontrando toda caravana. Alegria! Para iniciarmos as frutíferas e emocionantes pescaria. O tempo passou, mas as lembranças ainda estão vivas em minha mente.
Nós mais “antigos” chamamos de Rio Vermelho. Hoje encontrei no hotel as pessoas chamando o rio de São Lourenço. Fica a dúvida.
Neste Ponto pega-se a BR-364.
Rondonópolis cresceu de maneira extraordinária. Localizado na região Sudeste do estado, a 210 km da capital Cuiabá. Possui 235.899 habitantes. Incrível.
O município é rico em belezas naturais e tem solo fértil. Já é conhecida nacionalmente pelo seu excelente desempenho agropecuário, que lhe garante a liderança do ranking de exportações do estado e o reconhecimento como a capital do agronegócio e do bitrem.
Rondonópolis tem o segundo maior PIB do estado de Mato Grosso. Está localizada estrategicamente no entroncamento das Rodovias BR-163 e BR-364 e é a ligação entre as regiões norte e sul do país. Por estas vias são transportadas toda a produção agrícola e industrial para os grandes centros metropolitanos e portos do Brasil.
Com uma importante localização geográfica, a cidade tem na industrialização um novo salto de crescimento. Hoje, a diversificação de segmentos industriais tem gerado títulos importantes para o município: maior polo de esmagamento, refino e envaze de óleo de soja do Brasil, maior polo misturador de fertilizante do interior brasileiro, maior produção estadual de ração e suplementos animais, frigoríficos com padrões internacionais e prepara-se para se consolidar como um dos principais polos têxteis do centro-oeste, através do incentivo e investimento na indústria de tecelagem e confecções. Mais recentemente, Rondonópolis começa a receber investimentos no setor de metalurgia. Ano da fundação 1910.
Municípios limítrofes Juscimeira, Poxoréo, São José do Povo, Itiquira, Pedra Preta, Santo Antônio de Leverger
Este é o trevo da principal entrada da cidade. Ao final desta longa subida, do lado direito da pista simples, havia um posto de gasolina, e ao lado, paralelo a pista havia o aeródromo citado em minas recordações.
História. Segundo estudos realizados no sítio arqueológico Ferraz Egreja, os primeiros sinais de vida em terras que hoje pertencem ao município de Rondonópolis datam de pelo menos cinco mil anos atrás.
Desde o final do século XIX, a ocupação local é marcada por um contingente de índios Bororos, pelo efetivo do destacamento militar em Ponte de Pedra, de 1875 a 1890, e pelas comitivas de aventureiros que se arriscavam pela região em busca de ouro e de pedras preciosas. Por último, chegaram as expedições da Comissão Construtora das Linhas Telegráficas, entre 1907 e 1909, sob o comando do então primeiro tenente Cândido Rondon, que determinavam o traçado da linha telegráfica para interligar os estados do Mato Grosso e do Amazonas ao resto do país, fruto dessa investida, em 1922 é inaugurado o posto telegráfico, às margens do rio Poguba.
A partir de 1902, inicia-se a história de povoamento do rio Vermelho, com a fixação de famílias procedentes de Goiás, Cuiabá e de outras regiões do estado. Em 1915 havia cerca de setenta famílias na localidade. Estas viviam com certa organização econômica, social e política e também tinham preocupação com as primeiras letras. O patrimônio da povoação do rio Vermelho.
A partir do ano de 1947, Rondonópolis retoma o processo de crescimento, à medida que o município é inserido no contexto capitalista de produção como fronteira agrícola mato-grossense, resultado da política do sistema de colônias implantado pelo Governo do estado. A emancipação política acontece em 10 de dezembro de 1953.
O desenvolvimento vem através do campo. Na década de 70 acontece uma aceleração no processo de expansão capitalista. A cidade passa a ser um representante do modelo agroexportador, com destaque para a produção de soja e da pecuária. Neste período Rondonópolis já é considerada polo econômico da região e classificada como segundo município do estado em importância econômica, demográfica e urbana. É a década da migração de nordestinos, paulistas, mineiros e sulistas que veem nestas terras bons negócios.
Geografia. Localiza-se a uma latitude 16º28’15” sul e a uma longitude 54º38’08” oeste, estando a uma altitude de 227 metros. Sua população em 2016 é estimada em 218.899 habitantes.
Rondonópolis faz limite com os municípios de Juscimeira, Poxoréo, Itiquira, São José do Povo, Pedra Preta e Santo Antônio do Leverger. A cidade é banhada pelos rios Vermelho, Tadarimã, Arareau, Ponte de Pedra, Guiratinga e Jurigue.
A região tem vegetação típica do cerrado, e o clima é tropical quente e úmido, com chuvas concentradas na primavera e no verão.
Localizada em posição privilegiada, no entroncamento das rodovias BR-163 e BR-364, além dos trilhos da Ferronorte.
O SEGUNDO DIA DE VIAGEM SERÁ DE: RONDONÓPOLIS A CHAPADA DOS GUIMARÃES.
Distância= 210 Km MT-344 e BR-251 Tempo previsto = 2.0H
RODOVIA FERNANDO CORREIA DA COSTA.
TRIBIAU. É apenas uma pequena localidade.
Entre esta localidade e Santa Elvira existe uma linda cachoeira.
SANTA ELVIRA. Destino Juscimeira.
Quando pegamos esta pista dupla animamos, contudo logo depois ela terminou, e continuamos em uma pista simples, cheia de grandes carretas e a maior parte do tempo sem acostamento.
Nesta região existem várias fontes de águas quentes, e um número enorme de balneários, pousadas e hotéis.
JUCIMEIRA.
Município de Juscimeira. Distância até a capital.156 km. Altitude de 251 metros.
Municípios limítrofes: Rondonópolis, Jaciara, Poxoréo, Santo Antônio do Leverger e São Pedro da Cipa.
História: Conhecido inicialmente com a denominação de Garimpos, devido a extração de diamantes às margens do Rio Areia. Seu nome foi escolhido em homenagem ao grande político brasileiro, Juscelino Kubitschek.
Uma estrada maravilhosa, esta fotografia entre Juscimeira e Jaciara, é única pois com tanto movimento de conduções, conseguimos esta imagem até parecendo um quadro sem ninguém na pista.
No alto do morro a imagem de um cristo perdido entre os ramos, o capim Jaraguá já morrendo pois havia completado seu ciclo. Estávamos próximos ao famoso rio São Lourenço.
Entre estas cidades passamos pelo Rio São Lourenço, que nasce nas serrarias da cidade de Dom Aquino, e desce até o Rio Vermelho no Pantanal. O rio passa pela Serra de São Jerônimo, já cruzei de avião, esta passagem, é um vale profundo e realmente selvagem. Um lugar maravilhoso. Ver: Viagens Dr. SergioLima.com.br .
Depois de Juscimeira, rodamos até um local denominado Panela Preta, onde saímos da Br-364 e pegamos a rodovia MT-344 com destino a Dom Aquino.
O dia estava escuro e chuvoso, já eram mais de 18:00h, no início à estrada nos ajudou, contudo, quando começamos a subir para o planalto, as coisas foram ficando mais difíceis. Não havia acostamento e as curvas fechadas.
DOM AQUINO.
Passamos pela cidade já era noite chuvosa.
Estas fotografias são do Google, para esclarecer o tipo da simpática cidade que passamos.
Dom Aquino foi fundada em 24 de setembro de 1965.
A cidade fica no vale do Rio São Lourenço. Em virtude da qualidade e quantidade de ÁGUA MINERAL, existente no município, ele é considerado a capital, da água mineral no Brasil.
Depois de Dom Aquino pegamos a estrada MT- 344, em seguida a BR – 070.
Este rio é importantíssimo, nasce nessa região e desce pela Serra de São Jerônimo e se encontra com o Rio Vermelho a jusante de Rondonópolis, entrando Pantanal a fora.
Municípios limítrofes: Norte: Campo Verde e Primavera do Leste. Oeste: Jaciara, Sul: São Pedro da Cipa. Leste: Poxoréo. Altitude: 283 m.
A estrada, para Dom Aquino, foi de serras e subidas para atingirmos a próxima cidade: Rio Verde.
O primeiro telégrafo do Estado de Mato Grosso foi edificado pelo Marechal Cândido Rondon na cidade de Dom Aquino, mais precisamente no Distrito de Coronel Ponce.
CAMPO VERDE.
Foi reconhecida cidade no dia: 04 de julho de 1988 (28 anos). Altitude = 736m.
O nome Campo Verde é super próprio, o município em sua área da chapada é um tapete verde de plantações ininterruptas, que se perdem nos distantes horizontes.
Esta é a calma e organizada entrada da cidade.
Municípios limítrofes Santo Antônio do Leverger, Chapada dos Guimarães, Nova Brasilândia, Primavera do Leste, Dom Aquino e Jaciara
História – Em 1896 foi inaugurada na localidade de Capim Branco uma das primeiras estações telegráficas de Mato Grosso, construída sob o comando do major Gomes Carneiro, que tinha como seu ajudante de ordens o então alferes e futuramente marechal, Cândido Mariano da Silva Rondon.
Depois de Rio Verde passamos pelo Rio Casca, onde existem uma série de cachoeiras.
A primeira, nos disseram chamar da Martinha, por sinal é muito bonita.
Depois o Rio Casca continua descendo pela íngreme encosta. As duas próximas cachoeiras disseram chamar dos Namorados. (As fotografias estão esmaecidas pois estava chovendo).
O companheiro Vander desceu até o fim das cachoeiras, momento que pudemos tirar esta fotografia.
Comemorando datas em uma memorável viagem. Abril, 16. 2017.
Na hora que íamos sair da cachoeira, este sabiá, iniciou um recital de cantos, que simplesmente nos deixou extasiado. Eu tinha uma companheiro e colega, Dr. Mantovani, que gostava de criar e educar para o canto de seus avinhados. Participava até de concursos de canto. Ele dizia que avinhados e bicudos, bons de canto, eram os que nasciam perto de cachoeiras, pois tinham que cantar bem alto, para serem escutados pelas fêmeas. O ruído branco das águas encachoeiradas, abafam a melodia dos pássaros.
Assim, eles têm de que cantar a plenos pulmões para serem ouvidos, para os amantes destes cantos é o que existe de melhor, são os que nascem nesta região.
Este exemplar de sabiá estava demonstrando de forma exemplar, essa teoria. A Natureza é a mãe de tudo mesmo.
Depois de nos maravilharmos com a exuberante área do rio, pássaros, águas revoltas, partimos continuando a viagem.
Ao longe a silhueta da Chapada dos Guimarães, delimitava o horizonte. A estrada sem acostamento, mostrava, talvez a exuberância da natureza. O movimento era grande, tínhamos que ter muita calma.
Este monumental arenito metamórfico, nos dá as boas-vindas para a chapada. Esta é uma amostra exposta da estrutura do CHAPADÃO que visitaremos.
Antiga estrada de terra de Campo Verde para a Chapada (2005).
CHAPADA DOS GUIMARAES.
Parque Nacional da Chapada dos Guimarães.
Área 32 769,55 hectares (327 7 km2). Parque Nacional da Chapada dos Guimarães
O Parque Nacional da Chapada dos Guimarães é uma unidade de conservação brasileira, situada no estado de Mato Grosso, nos municípios de Chapada dos Guimarães e Cuiabá.
Veremos uma multiplicidade de ambientes. Diferentes espécies de flora e fauna do Cerrado são alguns dos atrativos do parque. Além de ser marcado pela diversidade de relevo, o parque faz parte da bacia hidrográfica do Alto Paraguai, protegendo cabeceiras do rio Cuiabá, um dos importantes formadores do Pantanal Matogrossense.
Uma vista especial da Chapada, bem no meio do cerrado, em seu contorno. Ao longe as abruptas rampas da Chapada.
Nossa Primeira viagem com o guia foi ao Véu das Noivas.
Any, Sérgio e o guia Sr. Felipe. Muito competente. Contudo, até lá existe uma burocracia fora do comum. Tivemos que ir a um computador, que por sinal o guia não sabia usar. Assim, a Any minha mulher, teve que ficar mais de hora, preenchendo muitos documentos, para termos autorização para os passeios.
O guia ficou agradecido pelo trabalho no computador, pois conta pontos para ele. Assim neste momento ele fez questão de tirar esta foto nossa.
A cachoeira é circundada por paredões erodidos à moda chapadense, frequentada por araras de vozes estridentes e cores marcantes.
A maravilha desta cachoeira é conhecida de longa data. Sua beleza é incontestável. A concavidade da rocha que a erosão formou, molda e compõe uma paisagem única, e inesquecível.
Esta fotografia foi pega na Folha de São Paulo, com objetivo de ilustrar a presença das araras nestes paredões. Pois quando lá estive, não era a época de nidificações.
Segundo nosso guia, estudos mostram, tratar-se de uma formação, chamada de: Formação de Botucatu. Trata-se de um arenito metamórfico, que há 250 milhões de anos foi o fundo de um oceano primitivo. O nome Botucatu, é uma referência a região da cidade homônima.
Esclarecendo: A Formação Botucatu é uma formação geológica da Bacia do Paraná, resultado da grande desertificação do ainda continente Gondwana, o “deserto Botucatu”, semelhante ao deserto do Saara e com área superior a um milhão de km². Os extensos campos de dunas, depositados por ação eólica, formaram os espessos pacotes de arenitos que hoje constituem o importante Aqüífero Guarani.
A vista da floresta existente nas cercanias da cachoeira, é de uma exuberância ímpar.
Ficamos horas admirando a região, Vander chegou a descer mais fundo para sentir a grandiosidade de toda área, e neste ambiente maravilhoso.
Nos encantou sobremaneira a beleza das flores do serrado, ao caminhar até a cachoeira.
As escarpas no entorno da cachoeira, apresenta ravinas instáveis, as vezes grandes massas de rocha, se desgarram, pela erosão e pelas minas de água, e rolam ribanceiras a fora, causando estragos. Por este motivo, não é permitido mais descer até o lago formado pela cachoeira.
Nossa segunda visita foi para o MIRANTE VALE DO CÉU, e MIRANTE CIDADE DE PEDRA.
Este matacão de arenito metamórfico, arenito de Botucatu, simboliza muito bem a estrutura da Chapada dos Guimarães. Uma região de belezas naturais esplendidas. Na fotografia não faltou nem a presença de um casal de aves que tinham um ninho no topo da formação.
O guia nos disse enfaticamente que, quando a pessoa passa por este arco de pedra, vive-se uma vida boa até a eternidade. O significado das palavras dele era muito abstrato, contudo o arco de das grandes pedras era bem concreto e presente, assim, nos postamos dentro do arco e eternizamos o momento pelo menos na fotografia.
Achei o ambiente mítico, fiz uma oração, gradecendo a Deus por estar ali, observando suas rochas formadas a 250 milhões de anos.
Estávamos nessa tertúlia sobre a eternidade, quando olhando para o alto da pedra, um espectador atento nos estava observando. Incrível, certos momentos de nossa efêmera existência, tão rica de emoções, ainda pode nos surpreender mais. Não somente o urubu, mas o calanguinho também nos olhava, estático.
Continuamos caminhando vendo toda a vegetação do cerrado baixo. Havia muitas flores do campo. Esta vegetação é típica de grande parte dos planaltos centrais do Brasil.
São dezenas de flores. Escolhi este ambiente, por representar, o aspecto típico do cerrado baixo, ou simplesmente chamado de “campo”.
Esta é a vegetação típica do Cerrado alto. São árvores baixas de galhos retorcidos, casca bem grossa, pois as vezes, esta vegetação sofre queimadas, se não houvesse a proteção da casca grossa do caule, elas morreriam.
A PRIMEIRA VISÃO DO MIRANTE É DO IMENSO VALE DO CLARO.
Quando chegamos ao mirante, vimos tudo tão grande e maravilhoso que nos perdemos em nosso pensamento. Nos sentimos pequenos, pela grandiosidade dos espaços que se abrem a nossa frente. Não sabemos para onde olhar. Nosso caminhar pelas bordas do penhasco é inseguro. O guia não se cansa de pedir e sugerir cuidado. Aos poucos os detalhes do lugar vão se descortinando a nossa frente, com um leque interminável de emoções.
Cada ângulo que olhamos descortinamos uma paisagem, uma nova visão. Estas abruptas escarpas é um desafio ao tempo e a nossa imaginação. Como a natureza teve o capricho em fazer estas monumentais esculturas, expor as entranhas da chapada, nos permitindo ver as dezenas de camadas que o tempo depositou, nestes milhões de anos geológicos. Os evidentes contrastes entre o planalto e a planície, incluindo a transição entre uma e outra.
A chegada ao Mirante da Cidade de Pedra, é deslumbrante. Um tapete verde de exuberante vegetação, se estende de nossos pés até a linha do horizonte, onde ele se encontra com as nuvens cúmulos, esmaecidas pela distância.
As montanhas nos dão a sensação das imensas distâncias. Bem ao longe uma saliente mancha branca, marca a capital do estado, CUIBÁ. A vegetação é uma mescla da sua origem, nas baixadas, onde nascem os rios, grandes árvores atapetam a planície, em um tapete de suaves dobras. Nas encostas a rasteira vegetação, luta e se adapta, no agreste terreno.
A decolagem de um abutre do fundo do vale:
Tivemos a rara oportunidade de vermos a formação de uma corrente ascendente de ar, saído das matas da planície e majestosamente subindo aos céus. As correntes, não as vemos, mas o urubu, da fotografia as sente, e as usam magistralmente, para subir às alturas, sem o mínimo esforço. Estava pousado na pedra ao fundo, quando sentiu o ar se agitar, decolou. Com as asas abertas buscando o espaço, era o senhor dos ventos. Estava a 400m mais baixo que nós na borda da chapada.
Com curvas aerodinâmicas, rigorosamente calculadas, entre as ravinas das escarpas, ia em círculos lentos subindo paulatinamente às alturas. Suas asas bem arqueadas, como flaps de aviões, no pouso e decolagem, aproveitavam todo ar ascendente da corrente térmica em seu voo.
As grandes árvores da mata, floridas de branco, amarelo, e roxo, faziam um maravilhoso pano de fundo, do extraordinário fenômeno que estávamos assistindo.
Às vezes ele mergulhava vertiginosamente, para ganhar velocidade, que é essencial para o voo, sem gastar nenhuma energia. Depois reiniciava seus círculos em ascensão.
Depois de uns 20 minutos ele estava na mesma altura que nós, na borda da chapada. Mas a ave queria muito mais. Aproveitar ao máximo a oportunidade de subir.
Assim sem esforço, na técnica de milhares de anos da evolução, a ave subiu ao céu. Rodou um pouco ainda, e pode escolher a direção a seguir. As nuvens cúmulos de bom tempo que vemos, também é fruto do vapor de água emanado da planície, que subiu pelas correntes, e se condensou em bilhões de gotículas de água, formando nuvens, cúmulos de bom tempo.
E depois que achou a direção certa partiu, em linha reta, acompanhando os ventos da chapada, em busca de uma presa para comer. Sem esforço, esta ave poderá voar centenas de quilômetros. Com sua visão telescópica, poderá identificar uma carcaça a centenas de metros de distância.
Depois deste episódio maravilhoso, voltamos a admirar toda a beleza inconteste deste mirante.
As escarpas formam um labirinto de vales, ravinas, vegetações e cores. As camadas de rochas areníticas formam camadas, descrevendo os 250 milhões de anos, dos tempos onde o mar primitivo os cobriam, é a história das eras passadas, que o tempo deixou.
Ao longe muito distante, a mais de 100Km, o guia nos mostrou dois morrinhos, um sinalizava a posição de Santo Antônio do Leverger, o outro Barão de Melgaço.
A linda floresta do Claro, mostrando uma trilha que poderia ser percorrida em 4 horas de caminhada, não tivemos coragem de fazer a aventura.
Any ficou encantada pelas pequenas e lindas flores do cerrado, saiu procurando e fotografando.
Vendo essas fotos, parece que ainda sentimos a brisa suave subindo pela encosta da escarpa e agitando ritmamente a vegetação.
Escolhemos essa linda florzinha, sobre uma pedra, como símbolo da resistência, de simplicidade e da beleza das plantas do cerrado.
Os encantamentos dos lugares são indescritíveis, quando observados com mais aproximação.
Um suave vento subia a vertente do Mirante. Tínhamos que partir, para outro passeio. Queria gravar os momentos que havíamos passado ali, tantas imagens, emoções e espaços imensos. As plantas, as pessoas extasiadas caminhando pelas bordas das escarpas, tudo era emoções e recordações.
A despedida. Com esperança de logo voltar.
DESTA ÁREA MARAVILHOSA, O MIRANTE DA CIDADE DE PEDRA, IRÍAMOS PARA O CENTRO GEODÉSICO DA AMÉRICA DO SUL.
Próximo à cidade de Chapada existe o Centro Geodésico da América do Sul. O Centro Geodésico seria um ponto equidistante entre o Oceano Atlântico a Este (E), e o Oceano Pacífico a Oeste (W).
Era um lugar maravilhoso, um excepcional ponto para se avistar a planície pantaneira, muito frequentado à noite pelos notívagos e namorados em busca de luzes estranhas, mais espetaculares do que as da cidade de Cuiabá, que ilumina parte da planície.
A Chapada é um lugar que atrai místicos e sensitivos do mundo inteiro. Já estive neste lugar em um momento especial, onde uma nuvem cumulo, sobre a região, sem chuva nenhuma, sem nenhum aviso, começou a despejar raios um atrás do outro, em todos os cantos, parecia um bombardeio dos céus. Eu na ocasião estava de moto, felizmente havia um ônibus, e todos nós nos recolhemos dentro dele, na esperança do efeito Faraday, nos proteger das descargas elétricas.
Hoje não se pode estacionar perto do ponto, os carros ficam estacionados longe, e têm sido assaltados por ladrões que ficam na espreita. O guia não quis arriscar, recomendou que não fossemos. Assim ficamos somente com a fotografia do Google.
Esta fotografia mostra a moça bem na ponta do centro Geodésico, onde se descortina uma vista maravilhosa de toda a planície.
Como me lembrava muito bem a vista deste ponto é também magnífica.
NOSSO TERCEIRO PASSEO FOI UMA SURPRESA MUITO GRANDE, MORO DOS VENTOS.
Como vemos é um restaurante, mas em um lugar tão espetacular, com uma organização extraordinária, que para nós todos a impressão foi esplêndida.
A chegada nos impressionou muito, tudo muito limpo, uma visão do alto da chapada que nos deixou atônito e queríamos correr por todos lugares e ver tudo, com medo de aquilo que víamos não era real. É muito felicidade conhecer um lugar tão bem localizado como este, podendo desfrutar de todas as inúmeras belezas naturais do privilegiado recanto.
Aproveitei a mística do lugar para declarar a mim, principalmente a Deus, e aos amigos que ali estavam, a satisfação, e o reconhecimento, de há 77 anos atrás, naquela hora, 15 minutos para as 16:00hs, eu estava nascendo em Casa Branca, SP. Ainda estou vivo, com saúde, com amor de Any e companheiros, é realmente uma dádiva de Deus senhor do Universo.
Havia uma plataforma projetada sobre o “abismo”, dava um pouco de medo. Na entrada dava o peso que ele era seguro, como éramos todos gordos, pensamos, mas confiamos na engenharia. Desta plataforma tudo era extraordinário, com uma pequena dose de medo.
A visão da área do restaurante é extraordinária, mostrando um outro aspecto, dos paredões abruptos e ao longe da planície que se antecede o inigualável Pantanal de Mato Grosso. Aves voando e cantado, sabiás, avinhados, bandos de anus, tucanos, joão-de-barro e dezenas outras mais.
Da plataforma, pode-se ver a exuberante mata que cobre toda a região da planície subjacente às nascentes d’águas das escarpas, é lindo!
Incrível a quantidade de água infiltrada nas rochas areníticas da chapada. A mata em busca de água e nutrientes, sobe viçosa pelas encostas, formando paredões vivos. Às vezes o excesso de água, extravasa em delicadas cachoeiras, enfeitando a paisagem, com seu filete branco de cristalinas águas.
Com a teleobjetiva podemos ver detalhes, da exuberância da mata, ao redor da água, que nasce nas alturas do chapadão. Os finos lençóis de arenito determinam séculos, que se depositam em camadas que marcam milênios e as estruturas descrevem milhões de anos, das passadas eras geológicas da chapada.
Como gostaria de ter condições, para estudar estas camadas, usar um microscópio eletrônico de varredura (M/E), e ler calmamente a história exposta, nesses abruptos e expostos paredões. Como se o manto da Terra, tivesse nos exposto uma mínima parte de suas entranhas.
Visão final de nossas observações nas bordas da Chapada dos Guimarães. A visão destes paredões, nos deixou pensando muito na vida na Terra, nas mudanças, na evolução, transformações profundas e quão efêmera é nossa existência, aqui neste planeta azul, vagando pelo espaço eterno e infinito.
Já com saudades saímos do Morro dos Ventos.
A tarde caia lentamente, uma chuva intermitente escurecia o céu da chapada. Para aproveitarmos o final da tarde o guia nos convidou para conhecermos uma cachoeira a 25 km, na estrada de Campos Verdes.
Aceitamos e foi um passeio um pouco escuro, mas muito profícuo. A estrada, um asfalto simples, mas ladeado por verdes e exuberantes plantações de soja, um planalto ondulado, onde cada horizonte era um quadro, ornamentado pelo verde com suas ondulações simétricas causadas pela chuva que caia.
Logo chegamos ao vale do Rio Casca onde situa-se as cachoeiras dos Namorados. Iríamos conhecer mais detalhes da região, contudo a chuvinha nos permitiu apenas ver as cachoeiras.
Esta é a belíssima cachoeira do rio Casca, é muita água descendo do chapadão. Muitos pássaros na mata galeria, na região das cachoeiras.
O rio continua descendo todo encachoeirado. As águas do rio estão turvas, devido à chuva que caia na região, normalmente estas águas são límpidas.
Este sabiá estava cantando tão alto que, mesmo com o ruído branco das cachoeiras, de longe eu ainda ouvia o pássaro. Meu colega, Dr. Mantovani, era fanático pelo canto dos avinhados, e somente pegava aqueles que eram criados perto de cachoeiras, pois cantavam bem mais alto que os outros. Isto é um fato comprovado.
NO DIA SEGUINTE SAIMOS DE:
CHAPADA DOS GUIMARAES PARA HOTEL PANTANAL MATO GROSSO.
QUE FICA NA ESTRADA TRANSPANTANEIRA.
Estrada distância = 315 Km. Tempo = 7:00h
Teríamos que passar pela capital do estado a grande CUIABÁ. Quando falamos para o guia que no outro dia, que era feriado, iríamos embora, ele disse:
– Ainda bem! Amanhã a cidade enche tanto de gente, que chega a acabar até a comida dos restaurantes e bares.
Achei estranho, pensei que ele teria outros compromissos melhores. Engano!
No outro dia, após o café, saímos com destino a Cuiabá. Aí a surpresa, fiquei incrédulo. A estrada que vinha de Cuiabá, era uma fila interminável de carros, um colado no outro. Em 100 Km, era um cortejo de conduções.
Dei Graças a Deus e ao guia, por estar saindo. Não posso imaginar onde aqueles milhares de carros vão, estacionar na pequena cidade da Chapada. Deve haver alguma saída para o fato, mas não imagino qual seria. Não posso imaginar onde estacionar, as centenas de conduções que saiam de Cuiabá para a Chapada.
Procurando desviar dos apressadinhos, durante todo trajeto, sem perceber chegamos a capital de Mato Grosso. Por sinal hoje é uma metrópole.
Seguir a BR 251. Depois continuar na Rodovia Mario Andreaza. Nos complicamos um pouco, na passagem, havia muitos desvios, e lugares reformando. Saindo de Cuiabá e Várzea Grande, para pegar a rodovia de Cuiabá = BR-70
BR-70 para Cáceres. Trevo: BR-70 pega a MS060
CUIABÁ PASSAGEM, SEGUIR O TRASSADO AZUL, SAINDO POR VARGEA GRANDE.
Saindo de Cuiabá depois de quilômetros encontramos este trevo, que pegamos a direita para a cidade de Poconé.
A BUSCA: Durante mais de 1.100 Km, e 4 dias de viagem chegamos a este esperado trevo, a reta para Poconé, a última cidade, antes da Transpantaneira.
O encanto da viagem, uma pista que se inicia modesta, sem acostamento, invadida pela vegetação, nos dá a esperança de uma grande aventura, pela rodovia MT-70, a TRANSPANTANEIRA.
Pouco a frente, dois tranquilos peões conduzem 3 vacas e um boi, na maior tranquilidade do mundo. O som dos cascos cadenciados e calmos no asfalto, nos dá o ritmo dos acontecimentos que seguirão em nossa viagem pantaneira.
POCONÉ.
A cidade foi reconhecida como vila de Poconé em 1831. Contudo desde 1777 atividade em busca do ouro se intensificou muito.
Pós o ouro ser descoberto em suas regiões, a cidade iniciou um ciclo de grande atividade.
O de 1831, criou o município, com a denominação de Villa de Poconé, voltando o nome antigo, pouco modificado. Neste decreto, ocorreu pela primeira vez a designação de
limites em ato de criação de município em Mato Grosso. Em 1 de julho de 1863, Poconé recebeu o estatuto de cidade via Lei Provincial.
Este mapa esquemático nos dá uma ótima noção da região da transpantaneira. Imagem mostra os rios principais, contudo quando fomos, estava ocorrendo uma das maiores enchentes da região, assim praticamente toda esta área estava debaixo da água. Este fenômeno é ótimo para a vida do pantanal, como veremos.
Área de extração de ouro saída de Poconé.
Chegada em Poconé, é o início da Estrada Transpantaneira. Nesta cidade foi o início da retirada do ouro em toda a região. Ainda existem escavações onde retira-se ouro, hoje industrialmente. Vimos montanhas de terra para serem processadas pelos equipamentos, para a retirada do ouro.
A retirada e busca pelo ouro ainda continua por toda a região, como pode ser visto pelas escavações.
A primeira imagem de aves que vimos, foram destes casais de curicacas caminhando pelo pasto.
Sempre os fazendeiros respeitavam a presença das curicas e das seriemas em suas propriedades, pelos seguintes motivos:
As curicacas, sempre presentes nos aguados existentes ao redor das sedes das fazendas, além de comerem os insetos, e outros amimais, fazem um alarido muito grande quando qualquer pessoa se aproxima da sede. Dando aviso que “gente de fora vem”!
A seriemas não precisa nem dizer, é a maior caçadora de cobras que existe, mantendo controle, das peçonhentas ao redor da casa.
A segunda imagem pantaneira foi este bando de jacarés, em uma vazante na margem do caminho.
Uma surpresa, a nascente de límpidas águas, onde os lambaris nadam como se flutuassem no transparente fluido.
Essa é uma bela pousada, já estive hospedado nela. Fica em um lugar acolhedouro, proporcionando lindos passeios.
Uns 20 Km depois chegamos à entrada oficial da reserva, e início do controle da TRANSPANTANEIRA.
Emocionante é o estado de espírito que temos ao chegar neste lugar.
Por que?
Porque o Pantanal é único, ele inicia em si mesmo e não vemos nunca seu fim. Ele deve se encontrar nos perdidos dos pensamentos, no canto estridente da inhaúma, no urro gutural dos bugios e no esturro da onça pintada. Que falar, do tagarelar das araras, azuis e amarelas. Dos inseparáveis casais de papagaios. Nas nuvens de garças brancas, como trapos de retalhos, esvoaçantes no azul do céu. Pensamentos, recordações, imagens, são etéreos e realmente não tem começo e nem fim.
Nós depois de tanto andarmos por todo este maravilhoso país, chegamos na portaria da estrada Transpantaneira. Muitas emoção e expectativas em nossas mentes.
RECORDANDO O PASSADO.
Aí estamos no ano de 2000, eu de quadriciclo, os companheiros de moto, viagens memoráveis, de tempos idos.
Assim eram as pontes no ano de 2000 quando percorri esta estrada de quadriciclo. Felizmente hoje, nesta viagem todas as pontes foram reformadas e melhoradas muito.
CONTINUANDO A VIAGEM.
Saudade da terra batida, da poeira revolta, das retas ladeadas de aves e dos jacarés mergulhados nos camalotes. Esperando as pontes de madeira, as vezes boas, as vezes perigosas, essa é a transpantaneira.
Poucos quilômetros da entrada, passamos por esta ponte, mostrando um pantanal cheio e maravilhoso. Animamos muito.
A cada quilômetro uma imagem, este gavião parado na espreita de um caramujo, que, desavisado se aventure subir à superfície. Águas cheias, como nunca, pantanal por felicidade estava inundado, desta maneira ele se torna um criame de vida.
O grande jaburu chega com o papo cheio de comida, para saciar seus famintos filhotes. Seu ninho nesta piúva, morta, é muito grande, chega mesmo a impressionar.
HOTEL PANTANAL DE MATO GROSSO.
Localização do Hotel Pantanal Mato Grosso, no quilômetro 65 da transpantaneira.
Esta é a imagem do Google da localização do hotel. Fica na margem direita do Rio Pinxaim, logo passado a ponte, fica a uns 60 Km antes do Porto Jofre.
O hotel é bem grande e suas dependências muito bem distribuídas. O atendimento é de primeira.
A surpresa, logo que estacionei a S-10, olhei para uma árvore, e uma ave aracuã, estava me observando. Era a vida selvagem se exibindo, maravilha!
Este é o hotel visto de dentro do rio.
Há muitos anos passei por esta velha ponte, era perigosa. Hoje é concreto, maravilha! O céu refletindo, mas mansas águas do Pinxaim, as árvores ribeirinhas duplicando suas silhuetas como sombras originadas da escuridão. Um inesquecível quadro de nossa chegada.
A noite quando entramos no alpendre, ouvimos um “chiadinho”, era uma família de morcegos, protestando por estarmos invadindo seu ambiente. Logo depois saíram para jantar.
Nesse momento lembrei-me de um cliente, muito importante que dizia: “Andorinha que anda com morcego, acaba dormindo de cabeça para baixo”.
DIA 16-04-2017, PRIMEIRO DIA NO HOTEL. DIA DE MEU ANIVERSÁRIO (77 ANOS). APROVEITAMOS PARA CONHECER AS BELEZAS DA ÁREA.
Bandos de casais de araras azuis, esvoaçando em toda a área do hotel, seu ruído, inigualável, (raque, raque, raque.), enchia todo o espaço. Bandos de gralhas azuis, gritavam em sons agudos, nos comedouros de ração, na porta do refeitório. Esta fotografia da arara tirada pela Any, surpreendeu até um fotógrafo profissional que lá estava, pois tirou com tele da máquina, a grande distância, e sem o tripé.
Caminhando para o café, já nos deparamos com uma quantidade significativa de vida, dezenas de cantos das aves. Algumas pareciam curiosas, e pareciam nos observar. Tudo muito bonito e maravilhoso. Eram o início dos inúmeros encantamentos do pantanal.
Um fartíssimo café da manhã, nos preparava para um dia de aventuras e belezas pantaneiras.
Saindo do café, uma surpresa incrível, uma ave que sempre conheci muito arisca, estava caminhando no pátio do hotel. Era um casal, o primeiro passou impoluto por mim. Depois fui a caminhonete pegar alguma coisa, e a fêmea estava em meu caminho. Saiu andando calmamente sem se assustar. Somente no pantanal mesmo, existe uma cena desta.
Em uma árvore no pátio do hotel um gavião ficou olhando agressivamente para mim, parecia até que ia atacar. Haviam outros nas mesmas condições, eu não estava entendendo nada. Depois entendi, ele estava esperando o trato.
Depois apareceu um funcionário que bateu uma colher em uma bacia, fazendo grande ruído, aí todos gaviões desceram da árvore, e, o homem começou a jogar ração para as aves. Todas se deleitaram com a comida. Este era o motivo do olhar sinistro, de todas nas árvores vizinhas.
Naquele momento ele estava perguntando, onde está o homem da comida?
Andando pelas cercanias do hotel, vi em uma árvore de piúva muito grande, um ninho de maritacas. Nem me aproximei muito e todas ruidosas aves saíram desesperadas do ninho imenso por todos os buracos de suas “cavernas”. Pareciam aviões de caça a jato, fazendo ruidosas manobras aéreas em torno da árvore.
Em seguida presenciei o motivo. Duas aves de rapinas, caracarás, se empoleiraram sobre o ninho, em busca de uma refeição. A ave da direita, enfiou a cabeça em uma “cavidade” e saiu com um filhote de maritaca no bico. Vitória na caçada, as duas aves voaram com a presa, distante do bando, para fazerem uma refeição tranquila. É a natureza em equilíbrio.
Na porta do chalé que fiquei comecei a escutar uns trinados diferentes. Procurando entre as folhagens, achei este ninho com os filhotes, sempre famintos, pedindo comida. Inicialmente fiquei maravilhado com a beleza e a técnica com a qual o ninho havia sido feito. Antes de acha-los abandonados, vi a mãe, um belo pássaro, bem acima do ninho, atenta e tomando conta de seus filhotinhos.
Ao lado do ninho em um galho bem mais ao alto, este pássaro observava tudo. Não sei o nome, mas poderia ser o macho pai dos filhotes do ninho.
À tarde fomos conhecer a antiga sede da fazenda do Hotel Pantanal. Uma casinha pequena, mas muito bem cuidada. Contudo a cozinha é muito grande, nos pareceu que toda a atividade da família era feita nesse lugar.
Any no pomar antigo da fazenda, velhos pés de laranja e algumas plantas frutíferas, mas desconhecidas. Ao fundo do pomar passa maravilhosamente limpas as águas do Rio Pinxaim. Todo este ambiente, forma um quadro de beleza indescritível.
Na volta para o hotel, que fica a 15 Km da fazenda, vimos muitos jacarés, mas este nos chamou a atenção pela tranquilidade, tivemos que desviarmos dele, pois parecia que estava embalsamado no chão.
A tarde voltamos para o hotel, havia chegado muitos hóspedes, estava tudo cheio. Incrível em uma distância desta, uma estrada de terra, pontes e mais pontes, e as pessoas buscam avidamente um contato com a natureza.
A tarde caia placidamente, os animais de preparavam para a noite em busca do pouso seguro. Os casais de papagaios passavam aos pares, batendo as asas freneticamente.
Contudo, minha surpresa foi com um bando de aracuãs que estavam nas árvores do hotel, fazendo uma ruidosa orquestração, e alguns desciam até o comedouro dos pássaros, se alimentando tranquilamente, tudo muito característico do intocado pantanal.
Ao me aproximar desta garça branca ela voo, os raios do sol poente douraram suas brancas penas, lindo demais.
Completava aniversário neste cenário de rara beleza. No Céu os altos cirros refletiam a luz do sol poente. Alguns peixes pulavam atrás dos insetos que caiam, agitando as plácidas águas. As silhuetas das árvores delimitavam o quadro de rara beleza, desde pôr do sol pantaneiro.
A NOITE: JANTAR, MÚSICA E EMOÇÃO.
O atendimento para as refeições foi individualizado para nós. Motivo, no dia éramos os únicos hóspedes.
Em todas dependências do hotel dava para perceber o esmero e respeito com o passado, coisas simples eram enfeites elaborados, valorizando o ambiente. Gostamos muito.
Depois do jantar uma noite de músicas:
No início cheguei tímido vendo o guia Peixinho tocar viola e cantar. A cerveja corria solta, todos cantavam, eu não conhecia as letras, fiquei meio deslocado. Depois fui enturmando.
Any conhecia todas as músicas e começou a cantar também, foi aos poucos se enturmando e soltado a vós. O Vander, demorou um pouco, mas foi soltando o ritmo. Eu somente conhecia algumas, como Comitiva Esperança, 60 dias Apaixonado (Aparecida do Taboado). A música foi até altas horas. Muito bom mesmo.
Peixinho grande guia como veremos e bom violeiro também. Uma peça rara do Pantanal.
Fomos dormir sob a influência de uma exuberante lua minguante, que iluminava todo o pantanal.
Contudo no centro da abobada celeste a Via Láctea, com sua miríade de estrelas nos mostrava a grandiosidade do universo. Sentimos muito gratos a Deus, por estarmos ali, na praia do firmamento, extasiado por tanta beleza.
A NOITE COM EMOÇÕES:
Cansados de tantas emoções, logo que deitamos, o sono veio bem profundo. Lá pelas tantas da madrugada, 5:00h mais ou menos, minha mulher chamou-me assustada, “havia um fantasma” roendo na janela do quanto. Prestei a atenção, era um som de raspando alguma coisa, com silvos finos, dispersos por vários lugares do gramado, em volta do apartamento. Os fantasmas estavam se esponto, peguei a lanterna, e calmamente e com cuidado, abri a porta e sai. Olhem bem o que eram:
Os fantasmas, eram capivaras roendo os frutos da palmeira bacuri, muito comum no pantanal. Acredito que o bando era bem grande, mais de 30 animais.
Observei a inteligência destes roedores, como essas palmeiras são baixas, a maior capivara ficava debaixo do cacho de cocos, e agitando a grande cabeça, fazia com que as frutas maduras caíssem para todas poderem comer.
Ficamos por ali, vendo a maravilhosa noite estrelada. Não soubemos explicar, mas não mais que repentinamente apareceu uma imagem muito brilhante no céu, seria um planeta? Pelo brilho e tamanho impossível. Um OVNI? Não sei!
Ficamos observando: a primeira fotografia o objeto ficou parado por uns 10 minutos no mesmo lugar. Depois fez um rastro, se alongando, na segunda fotografia. Depois de uns minutos, sumiu no espaço, do mesmo modo que apareceu. Ficamos pasmos e sem a mínima ideia do que seria aquela visão?
NO OUTRO DIA, MARCAMOS PARA CRUZARMOS A TRANSPANTANEIRA ATÉ O PORTO JOFRE.
Pedi a Any o favor de ir guiando pois eu queria apreciar o pantanal, fotografar, e guardar na mente toda aquela natureza ainda intocada.
A anhuma poderia ser também mais uma ave emblemática do Pantanal. Com cerca de sessenta centímetros de altura, e 1,7 metros de envergadura, pesando em torno de três quilos, com suas características territorialista, marca sempre de forma inquestionável sua presença na área onde habita e faz seu ninho.
Não sem motivo que é a ave símbolo do estado de Goiás, presente também na bandeira da cidade de Guarulhos SP.
Na estrada transpantaneira esta é uma região de mata, onde a poeira não se discipa, ela permanece por muito tempo no ar, dificultado a passagem, principalmente a noite. (17-04-2017).
Esta é uma ponte considerada muito bem conservada, pois não oferece perigo para atravessa-la, contudo, todo cuidado é pouco, pois já encontrei pregos salientes, e tábuas soltas.
São pontes seguidas de pontes, em um ambiente belíssimo, muitas aves, águas azuis, animais e flores silvestres. Esta por exemplo estava nova e em perfeito estado. Pude ver o Pantanal norte cheio como eu nunca havia visto. Esta é a vida para o ecossistema desta imensa região. Aumenta a reprodução de todos os peixes, consequentemente te toda a vida nos pântanos.
Antes de atravessarmos um corixo por dentro da água, vimos milhares de borboletas, sugando sais minerais solúveis nas margens. Era como um caleidoscópio esvoaçante de cores. Paramos e ficamos observando, aquela dança, de amores, de encontros, para a reprodução. Eram milhares de borboletas para todos os lados. Elas esvoaçavam no ar, mostrando a leveza do ser.
Foram mais de 60Km, depois do hotel, de emoções. Este bando de garças, não estavam comendo, como comumente vemos, estavam se cortejando. Eu nunca havia presenciado alguma coisa assim. Elas davam pequenos saltos se exibindo, dançando e emitindo um som contínuo, não bem definido. Algumas se identificavam, e a união era concretizada.
O Vander ótimo companheiro de viagem, depois de fotografar-me, quis assinalar a presença naquele momento. Nesta ponte o pantanal baixo ia até o horizonte de nossa visão, onde os brancos flocos de nuvens se dissolviam nas distâncias.
Enquanto estávamos na ponte fotografando, este socóboi, nos observava passivo como uma estátua, sobre um mourão da cerca, logo à frente. Este espécime, fotografado, é uma ave das mais perfeitas que já tive oportunidade de ver.
O colhereiro soberbo, olhou para a garçota, com desprezo, e saiu caminhando em busca de seus pares.
Estas marrecas, lindas e gregárias, são exemplos de aves migrantes. Agem sempre sob a ordem de um líder, no chão, ou no voo, onde formam um “V”, seguem dia e noite sua rota a dezenas de anos, e por centenas de quilômetros. Iniciam sua jornada nas regiões frias, e partem em busca de climas mais quentes, em banhados típicos. Por exemplo, o Pantanal.
A ema, também chamada nandu, nhandu, é uma ave da família Rheidae cujo habitat se restringe à América do Sul. Apesar de possuir grandes asas, não voa. Usa asas para se equilibrar e mudar de direção enquanto correm. A ema está presente sempre na parte seca do pantanal.
A capivara é uma espécie de mamífero roedor, que é muito comum no pantanal. Como ela se adapta a todos lugares, está disseminada por todo centro do Brasil. Mesmos em rios e riachos dentro de cidades ela tem aparecido.
Está incluída no mesmo grupo de roedores ao qual se classificam as pacas, cutias, os preás e o porquinho-da-índia. Ocorre por toda a América do Sul ao leste dos Andes em habitats associados a rios, lagos e pântanos, do nível do mar até 1 300 m de altitude. Extremamente adaptável, pode ocorrer em ambientes altamente alterados pelo ser humano.
É o maior roedor do mundo, pesando até 91 kg e medindo até 1,2 m de comprimento e 60 cm de altura. A pelagem é densa, de cor avermelhada a marrom escuro.
Como o pantanal estava excepcionalmente cheio, não vimos nenhuma anta, ou mesmo um cervo na transpantaneira.
O gavião-caboclo é um gavião campestre da família dos acipitrídeos, que ocorre do Panamá à Argentina e em todo o Brasil. A espécie mede cerca de 55 cm de comprimento, com plumagem ferrugínea, asas avermelhadas com pontas negras e cauda negra com faixa branca e ponta esbranquiçada. Também é conhecida pelos nomes de casaca-de-couro, gavião-fumaça, gavião-mariano e gavião-tinga.
Alimentação: É um gavião de áreas abertas, campos e cerrados, onde alimenta-se de várias presas, como pequenos mamíferos, aves, cobras, lagartos, rãs, sapos e grandes insetos. Na baixa das águas, apanha caranguejos.
O jacaré-do-pantanal, chamado também de Caimão, é um jacaré muito comum no pantanal. Seu número hoje em certos rios é praticamente incontável. Mede entre dois a três metros de comprimento e seu padrão de coloração é bastante variado, sendo o dorso particularmente escuro, com faixas transversais amarelas, principalmente na região da cauda. Mesmo com a boca fechada deixa ver muitos dentes, pelo que é por vezes também chamado jacaré-piranha. A sua dieta é constituída por peixe, moluscos e crustáceos. As fezes desse jacaré servem de alimento para muitos peixes.
Ele põe seus ovos, que podem ser uma quantidade de 20 a 30 dentro de um ninho na mata nos meses de janeiro a março. Período de incubação: 70 a 80 dias. A temperatura corporal do jacaré-do-pantanal é de 25 a 30 graus.
As nuvens refletindo nas limpas águas dos alagados encantam a paisagem. O canto forte das inhaúmas ecoa pelos infinitos do pantanal. O canto estridente da jaçanã marcando seu território.
No banhado vimos uma tropa de cavalos pantaneiros. Não são grandes, mas resistentes e espertos. A principal característica é terem o casco duro, resistente a água. Outros equinos se ficarem muito tempo na água seus cascos ficam moles, como unhas que são.
Este pássaro maravilhoso é chamado por alguns de uma saracura, por outros de frango d`agua. Lembram um frango mesmo na aparência, vivem sempre perto da água, entre a vegetação; a maioria é vista pela voz, pois tem uma voz muito potente. Nesta família existem outros tipos de aves, algumas maiores, mas sempre com as mesmas características.
Na realidade na fotografia o nome: Urubu Rei, está errado. Trata-se de um urubu de cabeça vermelha. Ele não muito comum, como outros urubus e seu comportamento também é diferente. Seu porte é maior que os urubus de cabeça preta. No pantanal tenho observado que seu número é maior do que em outras regiões.
Depois de uma reta, cortada por 127 pontes, a estrada faz uma pequena curva a direita e chega-se ao famoso Porto Jofre. Havia muitas chalanas, muitos botes e pessoas. A frente corre o famoso Rio São Lourenço. Como o pantanal estava muito cheio, felizmente os peixes estavam nos campos reproduzindo, não havia pescadores em ação.
Do Google, peguei esta fotografia, para posicionar o Porto Jofre. É um lugar marcante para todos nós que amamos o Pantanal.
Este é o aeródromo do Hotel do Porto Jofre, por sinal é um ótimo lugar para se hospedar. Fiquei maravilhado ao ver um Cessna 210, estacionado. Saudade dos tempos idos onde podíamos ter um equipamento deste.
Depois de percorrermos as margens do rio e almoçamos, em um simples restaurante, sentei-me em tosco banco de madeira e comecei a recordar, de tantas viagens do passado
O manancial da correnteza de águas azuis do largo rio São Lourenço que ali estava, trazia em minha mente centenas de recordações:
- Nosso acampamento do encachoeirado rio, a mais de 1.000Km a montante quando ele atravessa a Serra de São Jerônimo, onde, além de ótima pescaria, tive oportunidade de ver e fotografar uma onça suçuarana atravessando o rio, no alto São Lourenço, em 1977. Na época o lugar era bem selvagem. Vimos duas vezes antas atravessando o rio.
- Nosso acampamento, em uma fazenda próximo a vila Santa Izabel. Onde fotografei uma anta ao lado da canoa. Onde extraí um dente canino de um ribeirinho, que estava morrendo de dor, com um alicate de pesca. Cheguei de avião, Embraer 711C, onde aterrissei em um pasto perto do acampamento, desviando dos cupins, em 1978. Este acampamento era perto de um grande poço, onde anoite podíamos ouvir os pintados, com seus ruídos característicos, “batendo a boca” para apanhar os acaris, que eram muito abundantes.
- Sobrevoei o Rio São Lourenço, antes dele receber o Rio Cuiabá. Depois da Vila Santa Izabel, o rio de ramifica em um delta, de dezenas de braços, tornando suas águas rasas, calmas e quentes, ambiente ideal para a reprodução dos peixes. Observei milhares de cardumes de todos tipos de peixes do pantanal. Tirei dezenas de fotografias. Esta região do rio é chamada de Região do Tarigara. Acredito ser a área de maior criame de peixes do pantanal.
- Viagem com minha chalana, Shekinah, de Corumbá até o Porto Jofre, seguindo até o Rio Piquiri, onde ficamos por 4 dias pescando muitos tucunarés. Vimos uma onça no cio, com 3 machos disputando o acasalamento. Ver: Viagens na internet: http://viagensdrsergiolima.com.br/
- Em 1998, fizemos uma trilha com 3 motos (Marcelo, Maluf e Zelão) e eu de quadriciclo Kawasaki, saindo de Poconé até a região do Porto Jofre, as pontes eram precárias, muita chuva e barro. Uma aventura inesquecível.
A VOLTA DO PORTO JOFRE PARA O HOTEL PANTANAL.
Saímos do porto já à tardinha, de um dia maravilhoso. Enquanto nos preparávamos para sair…
Este passarinho atrevido ficou andando rapidamente na minha frente, e uma arara me olhando fixamente, como se perguntasse o que aquele intruso estava fazendo ali. De repente uma gritaria na árvore, araras alvoroçadas, quando cheguei perto uma ficou estática e me olhando fixamente.
Arara-azul-grande, em uma grande árvore ao lado do porto, havia dezenas de arras azuis, consegui com ajuda da Any tirar esta fotografia, pois era período de reprodução, e todas as belas aves estavam em uma agitação louca, foi difícil fixar uma para esta fotografia. O Pantanal representa um habitat ideal para esta família (Psitacídea).
A arara-azul-grande é também chamada arara-jacinto, araraúna, ou simplesmente arara-azul. Já foi considerada uma espécie ameaçada de extinção. Em 2014 foi retirada da lista brasileira de animais em extinção. Apresenta plumagem azul com pele nua amarela em torno dos olhos e fita da mesma cor na base da mandíbula. Seu bico é desmesurado, parecendo ser maior que o próprio crânio. Sua alimentação, enquanto vivendo livremente, consiste de sementes de palmeiras (cocos), especialmente o bacuri.
O maguari é até certo ponto uma ave solitária. Muito comum no Pantanal. Quando vimos estas duas aves juntas, paramos para fotografá-las, a primeira com um ar bem ressabiado foi se afastando, com um ar de “machão”. A segunda ficou numa pose peculiar, suponho ser a fêmea. Acho que ali estava acontecendo um namoro. Assim, sem mais delongas, partimos.
Logo que saímos do namoro do maguari, flagramos essa maravilhosa imagem desta inhaúma, com os “flaps” de 30 graus, fazendo um pouso perfeito no calho neste galho seco.
Em um corixo bem cheio havia um cardume de acari, um pequeno peixe, muito comum nessas águas. E para pegá-los, um bando de biguás, fez um cerco, e a todo momento um peixe era capturado. Uma verdadeira operação em equipe.
Durante a volta vimos muitas cenas marcantes como esta. Um jacaré esperando para comer um armal (peixe), o gavião na espera, para ver se chegava antes do jacaré. O sábio joão-de-barro, de longe observava a disputa. No fim o jacaré pegou o peixe.
Em direção oeste ainda havia luminosidade no céu, e este bando de biguás em formação, nos chamou muito a atenção, pois vinham de longe em uma formação aérea perfeita.
No meio da transpantaneira longe de tudo, encontramos uma vara de porcos, esperamos um pouco até que esta fêmea saiu na estrada e pudemos fotografar. Esses porcos alongados, são chamados de porcos monteiros, não sei se esta seria uma representante.
Ao cair da tarde os animais se agitam. Encontramos este lobinho caçando alguma coisa no meio das folhas, não se espantou com nossa chegada. Achou o que queria, e calmamente saiu para o mato.
Vimos este colhereiro aproveitando os últimos raios do sol para se alimentar. Mais à frente, uma árvore recebia os biguás para passarem a noite, uma visão dinâmica pela disputa de um bom galho para pouso.
Esta foto é o final da travessia do corixo, em nossa ida para o porto Jofre.
A VOLTA A NOITE.
A noite aos poucos foi chegando na transpantaneira. Pela frente tínhamos que passar, uns 50 metros dentro da água de um corixo, quando nos aproximamos do corixo, uma visão quase estelar, milhares de olhos reluzentes dos jacarés se iluminaram a escuridão da noite. Paramos. As luzes dos animais elas aumentavam e diminuíam, pois, os animais mudavam de lugar e a reflecção das luzes de intensidade. Infelizmente a fotografia não traduz a quantidade de jacarés que existiam nesse corixo.
A caminhonete mergulhou nas aguas limpas do desvio da ponte. A passagem era em curva. No meio da passagem o corixo era bem fundo, foi emocionante, mas não tinha nenhum jacaré na água durante a travessia.
Passando pelo grande corixo, que era fundo, a água subiu até no capo da S-10, a visão ficou prejudicada, mas a travessia foi segura e tranquila.
Felizmente eu não vinha correndo, pois à frente da caminhonete, quando olhei bem, e prestei atenção, passava uma tartaruga. Deu tempo de parar. O Vander desceu, pegou o quelônio, e calmamente o tirou do caminho.
CHEGAMOS AO HOTEL A NOITE.
A viagem ao Porto Jofre foi maravilhosa. Contudo devo relatar que: Queríamos ir pescar tucunarés no Rio Piquiri, que fica 20 Km a montante do porto. Também levamos equipamento para fotografias de outros animais nas matas do rio. Com a maravilhosa cheia do pantanal, nada disto poderia ser feito.
Não nos aborrecemos nem um pouco, pois a cheia do Pantanal é o que dá vida a fauna e flora de toda a região. É o equilíbrio ecológico, tão necessário a vida exuberante da grande bacia pantaneira.
A coruja na entrada do apartamento nos desejou boa noite. E dormimos muito em paz. Marcamos no dia seguinte, depois do almoço, uma excursão pelo Rio Pinxaim com um guia do hotel. No período da manhã fomos:
AO PORTO CERCADO.
Em 1998, fazendo trilha na região da transpantaneira fomos até o Porto Cercado. Ficamos maravilhados com o tratamento que recebemos do gerente do Hotel do SENAC. Muitas explicações sobre ecologia. Falou de uma reserva que da instituição muito grande do outro lado do Rio Cuiabá, que ele tem que tomar conta. Eu estava com um quadriciclo, ele até cogitou de comprar alguns para os guardas tomarem conta da reserva.
O lugar era maravilhoso, tudo limpo, amplo, grandes chalanas no porto.
Com esta imagem convidei meus companheiros para irmos ao Porto Cercado. Ainda mais que uns companheiros que encontramos na chapada iriam para lá, pegar uma chalana para pesca.
De manhã, partimos para Poconé, de onde sairíamos para o Porto Cercado, que são 40 km.
Desilusão total. Primeiro não pudemos se quer, entrar no hotel do SENAC, na portaria fomos barrados.
—SÓ ENTRA COM CONVITE!
E fim! Viraram as costas, e ponto final.
O porto hoje é uma proliferação de construções, horríveis, parece uma favela mesmo à beira do lindo Rio Cuiabá.
Com paciência encontrei um pequeno estacionamento para manobrar a S-10 para voltarmos. Deste lugar foi possível ter a única visão do Rio Cuiabá no Porto Cercado. Não sei, estou velho para essas coisas, ou se os moradores do lugar não têm nenhuma ideia, de acolhimento de um turista visitante, lá nesse lugar.
O lugar era tão acanhado, que somente achei um pequeno lugar para manobrar a S-10 e voltarmos. Parei exatamente atrás do Jeep do pessoal de Brasília, que havia ido ao porto pegar uma chalana. O veículo deles estava ainda com a chapa de nossa cidade, Ribeirão Preto, porque dias antes ele havia comprado esta condução em Ribeirão. Incrível a coincidência, e como os lugares do porto são exíguos mesmo, ou não tivemos nenhuma orientação de outras entradas, restaurante ou um bar, ou um lugar onde não se necessita de convite para ver o rio.
Partimos frustrados e desencantados. Fomos almoçar em Poconé.
Depois voltamos para o hotel na transpantaneira, para uma excursão já marcada pelo rio Pinxaim, tendo como guia o famoso Peixinho
A visão deste corixo é simplesmente maravilhosa. As águas limpas, filtradas pelos quilômetros de aguapés, por onde passam. Nas margens uma proliferação de vidas: Bugios, aracuãs, araras, tucanos, papagaios e uma dezena de pequenos passarinhos esvoaçando por todos os lados.
As águas limpas do corixo, refletem uma mata galeria intocada, nos dando um pouco de esperança para o futuro do Pantanal.
Fiquei satisfeito por assistir, nos confins do Pantanal, um guia, cujo apelido é Peixinho, dar uma aula sobre ecologia, focalizando a ação importante do aguapé, por lá chamado comumente de camalote.
Na cheia do pantanal ele cresce exuberante, ocupando todo espaço. Existem baias com centenas de quilômetros quadrados totalmente cobertas de camalotes.
Já em 1962 assisti uma aula e um professor da Faculdade de Agronomia Luiz de Queiroz, sobre um trabalho que ele estava apresentado, onde em um longo tanque cheio de aguapés, ele fazia entrar uma água de esgoto, e após passar pelos aguapés ela saia limpa ao final. Assim, já no século passado, havia um cientista que sabia dos benefícios das raízes flutuantes dos aguapés, para retirada de material orgânico das águas assim como o material inorgânico.
Peixinho, com sua sabedoria intuitiva, sabia muito bem, o por que, do esgoto de Cuiabá, de Poconé, não chegava em seu limpo corixo, uma vez que essas cidades estavam a montante do hotel.
Em seguida o Peixinho disse que iríamos conhecer os seus dois tuiuiús ensinados. Realmente eles estavam longe ele chamou, e as grandes aves vieram correndo para ele.
Não existe dimorfismo que eu conheça entre as duas aves. O macho ou a fêmea. São os símbolos do Pantanal Matogrossense. São de um porte extraordinário, e obedientes para com o guia.
As duas grandes aves pararam perto do barco e ficaram olhando, esperando a atenção do guia. A espera era por uns belos pedaços de peixes que comeram avidamente.
O nome certo é Larissa.
Estamos observando o casal de tuiuiús apostando corrida, com as asas abertas, a mando do guia Peixinho. É incrível um acontecimento deste, somente vendo para crer.
A medida que a tarde caia, as imagens que se formavam, no corixo, eram sempre de rara beleza. O barco ia deslizando suavemente, e as imagens se sucediam ininterruptas.
Nessa curva do corixo, a luz do sol iluminou esta grande piúva. A água foi repicada por três biguás, saindo da “pesca” pedalavam para levantar voo.
A iguana tem hábitos arborícolas, isto é, vivem em árvores, podendo atingir grande tamanho como essa que vimos ao escurecer na árvore. Quando novos, os iguanas possuem uma coloração verde intensa, já quando maiores, apresentam, ao longo do corpo, listras escuras. Os pantaneiros que conheço, não gostam deste animal. Eles têm mais medo dos iguanas do que das cobras.
Este foi o barco, com motor de 40 HP, que nos levou para um proveitoso e bonito passeio pelo rio.
Depois de uma proveitosa excursão pelo Rio Pinxaim chegamos ao hotel. Indiscutivelmente o Pantanal é uma dádiva de Deus, pois a cada passeio, a cada lugar que se anda, a natureza nos oferece uma surpresa, uma reflexão, de como o homem tem se comportado displicente com a natureza. Nos resta pouquíssimo tempo, para que a humanidade corrija suas agressões irresponsáveis para com o meio ambiente.
PREPARANDO PARA A VOLTA.
O agradável é nos prepararmos para a saída de uma viagem. Arranjar tudo para voltar, é entediante.
A noite fiquei imaginando as estradas mato-grossenses, goianas e mineiras, que teríamos que passar. Um transido intenso de grandes carretas, ônibus afoitos para cumprirem seus horários, choferes cansados pelas longas etapas a serem cumpridas, em estradas de má qualidade.
Por exemplo, estas fotografias simbolizam os intercursos que todos passam ao transitar por essas estradas.
Primeiro, no meio das grandes carretas, e ônibus interestaduais, nós de caminhonete ou automóvel, somos os estranhos no ninho. Pois, estamos passeando, vargeando, em fim atrapalhando. Eles não: SÃO GRANDES, AMEAÇADORES E ESTÃO TRABALHANDO.
Na primeira foto, em uma longa subida, saí para passar o ônibus e duas carretas, estava com segurança e tinha 200HP de potência para ultrapassagem. No último instante o ônibus me cortou a frente sem sinalização alguma, e iniciou a passagem lentamente, não conseguindo mesmo passar a segunda carreta. Eu continuei, atrás dos 3 grandões a 30km/h.
Na segunda foto, uma longa descida, ia passar esta carreta carregada de toras de madeiras nobres, mas duas carretas a mais 90 km/h, iniciaram a ultrapassagem. Esperei, a velocidade era boa, eu não tinha pressa. Contudo, quando olhei no retrovisor, gelei, tinha uma carreta imensa praticamente a 1 metro de minha trazeira, qualquer coisa que houvesse seria esmagado pelo monstro na minha retaguarda. Rezei para a descida terminar, e os grandões se acalmarem.
Depois da descida, como previ, na subida todo se acalmou. Contudo o movimento não mudou
Nota importante: Essas minhas palavras, não significam nenhuma crítica aos motoristas destas cargas pesadas. Todos são ótimos, e procuram sobreviverem também, ganhando a vida, nesta precariedade que estão as estradas. É um salve-se quem puder!
Com essas naturais preocupações, na viagem todo cuidado é pouco. Mas o sono custou um pouco para vir, enquanto pensava nestes acontecimentos.
Na volta tudo passou bem rápido, logo chegamos na capital, ainda deu para Any fotografar o Rio Cuiabá. Deixamos o Mylink da caminhonete nos guiar, e saímos mal, pois cruzamos a capital pelo centro da cidade, foi mal procedimento.
Indiscutivelmente, Cuiabá é uma metrópole. A passagem por ela foi longa pois erramos o pedido ao MyLink.
Quando saímos na estrada, a fome nos abateu. Procuramos um restaurante, em um grande posto de combustível, achamos um. Deu sorte.
Comida ótima e muito farta. Quando as picanhas chegaram até abri a boca, o Vander vendo o pratão, ficou com esta cara, que diz tudo.
Não podem deixar que eu dou conta. Com a “fome viajada” não tivemos dificuldade para a refeição.
Saímos do posto e pegamos uma grande reta, na BR-364. Ao longe já avistávamos, no horizonta a Chapada dos Guimarães.
Na chegada da Chapada dos Guimarães a estrada se transforma em pista dupla contornado a encosta da chapada. O GPS do Mylink da caminhonete não deu esse destaque, eu também estava desatendo e entrei na pista errada. Felizmente logo percebi, pelo piscar do farol de um caminhoneiro. Parei rapidamente no acostamento, e com calma, e auxílio da câmara de ré, fui calmamente voltado os 100m que errei. Aí peguei a pista certa, felizmente. Graças a Deus mão houve problemas.
Esta fotografia do Google, mostra exatamente onde a estrada BR-070, se bifurca em duas pistas, uma sobe a serra de São Vicente, outra desce a serra.
Logo a estrada foi contornando a chapada, mas em curvas, subindo para o planalto. Os cúmulos anunciavam chuva pela frente. Realmente a encontramos ao longo do percurso.
Procurei com todo cuidado trafegar pela rodovia, preocupado, mas sem constrangimento.
O trecho mais tranquilo da viagem, e mais bonito, foi este, Serra de São Vicente. A subida para o chapadão, pois era uma pista de mão única e muito íngreme, as carretas iam disciplinadas na mão delas. Podia-se rodar tranquilo e observar a mata virgem que margeava a rodovia.
Depois no alto do chapadão, quando as pistas se uniram, ficando única, a coisa foi ficando feia. Muito movimento, chuva intermitente, todo mundo com cuidado, mas buscando espaço na congestionada rodovia.
A Any estava esperando chegar neste entreposto, para compras, a estrada com suas dificuldades, parecia para ela, que não chegava nunca.
Perguntava-me: Será que já não passou? Será que é nesta estrada mesmo?
Eu estou admirando os grandes caminhões articulados que passam, tremendo o chão e agitando as barracas. No intervalo, lá do outro lado a Any mostrou-me uma bela panela, muito bonita, que foi comprada.
Incrível o lugar, dezenas de vendedores em seus improvisados estabelecimentos, cheios de muitas coisas, objetos estes que em outros lugares são caros ou não existem. Logo a Any foi achando: Gamelas, panelas de todos tipos, colheres de madeira, fruteiras de madeira, e muitas coisas mais.
Um risco os estabelecimentos, por que as grandes carretas passavam tão perto que, até as panelas tremiam. Todos compradores e vendedores, passavam pela rodovia entre as grandes máquinas com a maior tranquilidade. Realmente o brasileiro é um povo diferente.
Até percorrer todos bazares foi mais de hora. Na boca da noite partimos, com destino a Rondonópolis.
Uma hora mais ou menos depois de Juscimeira, o tempo fechou mesmo. Muita chuva, muito movimento, as vezes a estrada era um borrão, não dava para continuar. Parar onde. Não tinha acostamento, era como uma ciranda de perigos, eu seguia o caminhão da frente o de traz colado em mim. Esta foto é quando vi a estrada. Felizmente depois de alguns apuros, uma placa: ESTACIONAMENTO DE CAMINHÕES.
Não tive dúvida, entrei, era um pátio imenso, de barro escorregadio, mas valeu a pena. Em 4X4, manobrei e estacionei em um canto. Depois de 30 minutos o temporal passou o que permitiu continuar a viagem, ainda com muito cuidado.
As estradas foram melhorando, o fim do passeio estava rapidamente chegando. A volta de um passeio é sempre muito rápida.
A estrada que o Mayrink da S-10 nos deu, Br-364, não estava totalmente asfaltada, pegamos longos trechos de terra, se o GPS não estive em ação também, acharíamos estar perdidos. Mas, para surpresa nossa chegamos em um belíssimo posto de abastecimento, não somente um posto, mas sim um shopping. Essa fotografia é de um aquário no meio do estabelecimento. Na fotografia, está escrito Rio Verde, errado é CAMPINA VERDE.
Esta é a última etapa da viagem, em Colômbia, entrado no Estado de São Paulo, passando o Rio Grande.
Este é o painel central da S-10, mostrando: No odômetro da viagem mostra que andamos 3.750,9 quilômetros, grande viagem, pois andamos muito. A média de gasto de combustível surpreendeu, 10,8 quilômetros com 1 litro de óleo diesel. A velocidade média em todo o trajeto foi de 62,2 Km/hora.
Graças a Deus, não tivemos nenhum problema durante esta longa viagem. Somente conhecimentos, descobertas de lugares, e orgulho de sermos brasileiros.